quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

PERSONALIDADE PATOLÓGICA


O que são os transtornos de personalidade?
Os transtornos de personalidade afetam todas as áreas de influência da personalidade de um indivíduo, o modo como ele vê o mundo, a maneira como expressa as emoções, o comportamento social. Caracteriza um estilo pessoal de vida mal adaptado, inflexível e prejudicial a si próprio e/ou aos conviventes. Essas características, no entanto apesar de necessárias não são suficientes para identificação dos transtornos de personalidade, pois são muito vagas. A maneira mais clara como a classificação deste problema vem sendo tratada é através da subdivisão em tipos de personalidade patológica. Ao nosso ver, esta forma é bastante adequada, pois se verifica na prática manifestações diversas e até opostas para o mesmo problema. O leitor entenderá melhor a necessidade da subdivisão dos transtornos de personalidade lendo os textos abaixo.

Generalidades
Para se falar de personalidade é preciso entender o que vem a ser um traço de personalidade. O traço é um aspecto do comportamento duradouro da pessoa; é a sua tendência à sociabilidade ou ao isolamento; à desconfiança ou à confiança nos outros. Um exemplo: lavar as mãos é um hábito, a higiene é um traço, pois implica em manter-se limpo regularmente escovando os dentes, tomando banho, trocando as roupas, etc. Pode-se dizer que a higiene é um traço da personalidade de uma pessoa depois que os hábitos de limpeza se arraigaram. O comportamento final de uma pessoa é o resultado de todos os seus traços de personalidade. O que diferencia uma pessoa da outra é a amplitude e intensidade com que cada traço é vivido.
Por convenção, o diagnóstico só deve ser dado a adultos, ou no final da adolescência, pois a personalidade só está completa nessa época, na maioria das vezes. Os diagnósticos de distúrbios de conduta na adolescência e pré-adolescência são outros.

Transtorno de Personalidade Anti-Social

Como se caracteriza ?Caracteriza-se pelo padrão social de comportamento irresponsável, explorador e insensível constatado pela ausência de remorsos. Essas pessoas não se ajustam às leis do Estado simplesmente por não quererem, riem-se delas, freqüentemente têm problemas legais e criminais por isso. Mesmo assim não se ajustam. Freqüentemente manipulam os outros em proveito próprio, dificilmente mantêm um emprego ou um casamento por muito tempo.
Aspectos essenciais
Insensibilidade aos sentimentos alheios
  • Atitude aberta de desrespeito por normas, regras e obrigações sociais de forma persistente.
  • Estabelece relacionamentos com facilidade, principalmente quando é do seu interesse, mas dificilmente é capaz de mantê-los.
  • Baixa tolerância à frustração e facilmente explode em atitudes agressivas e violentas.
  • Incapacidade de assumir a culpa do que fez de errado, ou de aprender com as punições.
  • Tendência a culpar os outros ou defender-se com raciocínios lógicos, porém improváveis.

Transtorno de Personalidade Borderline (Limítrofe)

Como se caracteriza ?Caracteriza-se por um padrão de relacionamento emocional intenso, porém confuso e desorganizado. A instabilidade das emoções é o traço marcante deste transtorno, que se apresenta por flutuações rápidas e variações no estado de humor de um momento para outro sem justificativa real. Essas pessoas reconhecem sua labilidade emocional, mas para tentar encobri-la justificam-nas geralmente com argumentos implausíveis. Seu comportamento impulsivo freqüentemente é autodestrutivo. Estes pacientes não possuem claramente uma identidade de si mesmos, com um projeto de vida ou uma escala de valores duradoura, até mesmo quanto à própria sexualidade. A instabilidade é tão intensa que acaba incomodando o próprio paciente que em dados momentos rejeita a si mesmo, por isso a insatisfação pessoal é constante.
Aspectos essenciais
  • Padrão de relacionamento instável variando rapidamente entre ter um grande apreço por certa pessoa para logo depois desprezá-la.
  • Comportamento impulsivo principalmente quanto a gastos financeiros, sexual, abuso de substâncias psicoativas, pequenos furtos, dirigir irresponsavelmente.
  • Rápida variação das emoções, passando de um estado de irritação para angustiado e depois para depressão (não necessariamente nesta ordem).
  • Sentimento de raiva freqüente e falta de controle desses sentimentos chegando a lutas corporais.
  • Comportamento suicida ou auto-mutilante.
  • Sentimentos persistentes de vazio e tédio.
  • Dúvidas a respeito de si mesmo, de sua identidade como pessoa, de seu comportamento sexual, de sua carreira profissional.

Transtorno de Personalidade Paranóide

Como se caracteriza ?Caracteriza-se pela tendência à desconfiança de estar sendo explorado, passado para trás ou traído, mesmo que não haja motivos razoáveis para pensar assim. A expressividade afetiva é restrita e modulada, sendo considerado por muitos como um indivíduo frio. A hostilidade, irritabilidade e ansiedade são sentimentos freqüentes entre os paranóide. O paranóide dificilmente ri de si mesmo ou de seus defeitos, ao contrário ofende-se intensamente, geralmente por toda a vida quando alguém lhe aponta algum defeito.
Aspectos essenciais
  • Excessiva sensibilidade em ser desprezado.
  • Tendência a guardar rancores recusando-se a perdoar insultos, injúrias ou injustiças cometidas.
  • Interpretações errôneas de atitudes neutras ou amistosas de outras pessoas, tendo respostas hostis ou desdenhosas. Tendência a distorcer e interpretar maléficamente os atos dos outros.
  • Combativo e obstinado senso de direitos pessoais em desproporção à situação real.
  • Repetidas suspeitas injustificadas relativas à fidelidade do parceiro conjugal.
  • Tendência a se autovalorizar excessivamente.
  • Preocupações com fofocas, intrigas e conspirações infundadas a partir dos acontecimentos circundantes.

Transtorno de Personalidade Dependente

Como se caracteriza ?Caracterizam-se pelo excessivo grau de dependência e confiança nos outros. Estas pessoas precisam de outras para se apoiar emocionalmente e sentirem-se seguras. Permitem que os outros tomem decisões importantes a respeito de si mesmas. Sentem-se desamparadas quando sozinhas. Resignam-se e submetem-se com facilidade, chegando mesmo a tolerar maus tratos pelos outros. Quando postas em situação de comando e decisão essas pessoas não obtêm bons resultados, não superam seus limites.
Aspectos essenciais
  • É incapaz de tomar decisões do dia-a-dia sem uma excessiva quantidade de conselhos ou reafirmações de outras pessoas.
  • Permite que outras pessoas decidam aspectos importantes de sua vida como onde morar, que profissão exercer.
  • Submete suas próprias necessidades aos outros.
  • Evita fazer exigências ainda que em seu direito.
  • Sente-se desamparado quando sozinho, por medos infundados.
  • Medo de ser abandonado por quem possui relacionamento íntimo.
  • Facilmente é ferido por crítica ou desaprovação.

Transtorno de Personalidade Esquizóide

Como se caracteriza ?Primariamente pela dificuldade de formar relações pessoais ou de expressar as emoções. A indiferença é o aspecto básico, assim como o isolamento e o distanciamento sociais. A fraca expressividade emocional significa que estas pessoas não se perturbam com elogios ou críticas. Aquilo que na maioria das vezes desperta prazer nas pessoas, não diz nada a estas pessoas, como o sucesso no trabalho, no estudo ou uma conquista afetiva (namoro). Esses casos não devem ser confundidos com distimia.
Aspectos essenciais
  • Poucas ou nenhuma atividade produzem prazer.
  • Frieza emocional, afetividade distante.
  • Capacidade limitada de expressar sentimentos calorosos, ternos ou de raiva para como os outros.
  • Indiferença a elogios ou críticas.
  • Pouco interesse em ter relações sexuais.
  • Preferência quase invariável por atividades solitárias.
  • Tendência a voltar para sua vida introspectiva e fantasias pessoais.
  • Falta de amigos íntimos e do interesse de fazer tais amizades.
  • Insensibilidade a normas sociais predominantes como uma atitude respeitosa para com idosos ou àqueles que perderam uma pessoa querida recentemente.

Trantorno de Personalidade Ansiosa (evitação)

Como se caracteriza ?Caracteriza-se pelo padrão de comportamento inibido e ansioso com auto-estima baixa. É um sujeito hipersensível a críticas e rejeições, apreensivo e desconfiado, com dificuldades sociais. É tímido e sente-se desconfortável em ambientes sociais. Tem medos infundados de agir tolamente perante os outros.
Aspectos essenciais
  • *É facilmente ferido por críticas e desaprovações.
  • Não costuma ter amigos íntimos além dos parentes mais próximos.
  • Só aceita um relacionamento quando tem certeza de que é querido.
  • Evita atividades sociais ou profissionais onde o contato com outras pessoas seja intenso, mesmo que venha a ter benefícios com isso.
  • Experimenta sentimentos de tensão e apreensão enquanto estiver exposto socialmente.
  • Exagera nas dificuldades, nos perigos envolvidos em atividades comuns, porém fora de sua rotina. Por exemplo, cancela encontros sociais porque acha que antes de chegar lá já estará muito cansado.

Transtorno de Personalidade Histriônica

Como se caracteriza ?Caracteriza-se pela tendência a ser dramático, buscar as atenções para si mesmo, ser um eterno "carente afetivo", comportamento sedutor e manipulador, exibicionista, fútil, exigente e lábil (que muda facilmente de atitude e de emoções).
Aspectos essenciais
  • Busca freqüentemente elogios, aprovações e reafirmações dos outros em relação ao que faz ou pensa.
  • Comportamento e aparência sedutores sexualmente, de forma inadequada.
  • Abertamente preocupada com a aparência e atratividade físicas.
  • Expressa as emoções com exagero inadequado, como ardor excessivo no trato com desconhecidos, acessos de raiva incontrolável, choro convulsivo em situações de pouco importância.
  • Sente-se desconfortável nas situações onde não é o centro das atenções.
  • Suas emoções apesar de intensamente expressadas são superficiais e mudam facilmente.
  • É imediatista, tem baixa tolerância a adiamentos e atrasos.
  • Estilo de conversa superficial e vago, tendo dificuldades de detalhar o que pensa.

Transtorno de Personalidade Obsessiva (anancástica)

Como se caracteriza ?Tendência ao perfeccionismo, comportamento rigoroso e disciplinado consigo e exigente com os outros. Emocionalmente frio. É uma pessoa formal, intelectualizada, detalhista. Essas pessoas tendem a ser devotadas ao trabalho em detrimento da família e amigos, com quem costuma ser reservado, dominador e inflexível. Dificilmente está satisfeito com seu próprio desempenho, achando que deve melhorar sempre mais. Seu perfeccionismo o faz uma pessoa indecisa e cheia de dúvidas.
Aspectos essenciais
  • O perfeccionismo pode atrapalhar no cumprimento das tarefas, porque muitas vezes detém-se nos detalhes enquanto atrasa o essencial.
  • Insistência em que as pessoas façam as coisas a seu modo ou querer fazer tudo por achar que os outros farão errado.
  • Excessiva devoção ao trabalho em detrimento das atividades de lazer.
  • Expressividade afetiva fria.
  • Comportamento rígido (não se acomoda ao comportamento dos outros) e insistência irracional (teimosia).
  • Excessivo apego a normas sociais em ocasiões de formalidade.
  • Relutância em desfazer-se de objetos por achar que serão úteis algum dia (mesmo sem valor sentimental)
  • Indecisão prejudicando seu próprio trabalho ou estudo.
  • Excessivamente consciencioso e escrupuloso em relação às normas sociais.
Última Atualização:15-10-2004
Ref. Bibliograf: Liv 01 Liv 09 Liv 02 Arch Gen Psychiatry, 2001 58(6): 590-596
The Prevalence of Personality Disorders in a Community Sample
Torgersen Svenn



Postado por: Ana Cláudia Foelkel 
CRP 06/86466
Psicóloga Clínica e Organizacional
Consultoria R&S e T&D
(11)97273-3448

FOBIA SOCIAL (ANSIEDADE SOCIAL)

O que é?
Diagnóstico
Características Associadas
Sintomas
Grupo de Risco
Tratamento

O que é ?
A fobia social é a intensa ansiedade gerada quando o paciente é submetido à avaliação de outras pessoas. Essa ansiedade ainda que generalizada não se estende a todas as funções que uma pessoa possa desempenhar. Na maioria das vezes concentra-se sob tarefas ou circunstâncias bem definidas. É natural sentir-se acanhado quando se é observado: esse desconforto até certo ponto é normal e aceitável, muitas vezes vantajoso. Passamos a considerar esta vergonha ou timidez como patológicas a partir do momento em que a pessoa sofre algum prejuízo pessoal por causa dela, como deixar de concluir um curso ou uma faculdade por causa de um exame final que exige uma apresentação pública ou diante de um avaliador(es).
Diagnóstico
Para fazer o diagnóstico é necessário que a pessoa com fobia social apresente uma forte sensação de ansiedade ou desconforto sempre que exposta a determinadas circunstâncias. A ocorrência eventual para as mesmas situações como, por exemplo, escrever sendo observado exclui o diagnóstico de fobia social.O fóbico social sente-se muito incomodado todas as vezes que alguém o observa escrevendo. A intensidade desta reação de ansiedade é desproporcional ao nervosismo que esta situação exigiria das pessoas em geral, e isso é reconhecido pelo paciente. No momento em que a pessoa é exposta a situação fóbica, a crise de ansiedade é de tal forma intensa que parece uma crise de pânico. Por causa de todo o desconforto envolvido nessa situação a pessoa passa a apresentar um comportamento de evitação para estas situações. Casos específicos devem ser analisados individualmente, como, por exemplo, uma pessoa que tenha uma doença que deixe suas mãos com aspecto desagradável, poderá sentir-se mal ao ser observada quando assina um cheque, não por causa de uma possível fobia social, mas por causa do temor em que sua doença cause repulso em quem o observa.
Caracterísiticas Associadas
Os limites entre a timidez normal e a patológica são muito tênues para quem não é especialista no assunto. Mesmo para o próprio paciente com fobia social não é fácil acreditar que sofra de um transtorno psiquiátrico. Somente a difusão popular do quadro típico da fobia social na sociedade é capaz de levar os pacientes com fobia social ao psiquiatra, o que de fato vem acontecendo cada vez mais.
O uso de bebida alcoólica é freqüente e um bom indicativo de que o paciente pode responder bem à medicação. Há o perigo do desenvolvimento de alcoolismo, o que pode ser revertido com o tratamento adequado da fobia social. O alcoolismo surge mais como uma tentativa equivocada de automedicação.
Nas relações conjugais observa-se que quando o tratamento é iniciado após o casamento, podem surgir conflitos conjugais. Isso acontece porque o cônjuge saudável estava acostumado à dominação e o fóbico à submissão Quando o tratamento permite que a submissão se desfaça surgem naturalmente os conflitos, que podem ser superados com a cooperação e compreensão do cônjuge saudável. Pode ser necessária a complementação do tratamento da fobia social com uma psicoterapia de casais para superar essa fase.
Por fim um acontecimento comum principalmente no tratamento medicamentoso, que proporciona uma supressão mais rápida dos sintomas, é o surgimento de um comportamento hostil nos primeiros meses de tratamento, por parte do paciente. Isto se dá provavelmente devido a uma auto-afirmação que o paciente passa a adotar. Antes do tratamento, como todo fóbico social, os pacientes se submetiam a coisas com as quais não concordavam, mas o faziam por não resistirem à pressão. Com o tratamento o paciente aprende a dizer não, inicialmente com certa dose de agressividade, depois mais amadurecidamente. Geralmente este comportamento faz a família crer que o parente em tratamento piorou e se queixa ao médico disto. Estas brigas, agressões e hostilidades incomuns numa pessoa antes tão dócil são um sinal de eficácia do tratamento e essa fase de litígios é transitória não se recomendando a interrupção do tratamento por causa dela. Após três ou quatro meses o comportamento volta ao normal sem que o paciente volte a ficar fóbico novamente. Caso as brigas se prolonguem demais será necessária uma nova avaliação feita por psiquiatra.
Sintomas
Não há sintomas típicos de fobia social; como qualquer transtorno de ansiedade os sintomas são aqueles típicos de qualquer manifestação de ansiedade. O que caracteriza a fobia social particularmente é o desencadeamento dos sintomas sempre que a pessoa é submetida à observação externa enquanto executa uma atividade. Observa-se dentre os fóbicos tremores, sudorese, sensação de bolo na garganta, dificuldade para falar, mal estar abdominal, diarréia, tonteiras, falta de ar, vontade de sair do local onde se encontra o quanto antes. A preocupação por antecipação com as situações onde estará sob apreciação alheia, desperta a ansiedade antecipatória, fazendo com que o paciente fique vários dias antes de uma apresentação sofrendo ao imaginar-se na situação.
  • Escrever ou assinar em público
  • Falar em público
  • Dirigir, estacionar um carro enquanto é observado
  • Cantar ou tocar um instrumento musical
  • Comer ou beber
  • Ser fotografado ou filmado
  • Usar mictórios públicos (mais para homens)
Os pacientes com fobia social geralmente não conseguem dizer não a um vendedor insistente, compram um produto de que não precisam, só para se verem livres daquele vendedor, mas também nunca mais voltam àquele lugar. Os namoros muitas vezes são aceitos por conveniência e não por desejo verdadeiro. Os fóbicos sociais freqüentemente têm uma auto-estima baixa e julgam que devem aceitar a primeira pessoa que surge porque acham que não despertarão os interesses em mais ninguém.
Grupo de Risco
As pessoas mais afetadas pela fobia social são os homens, ao contrário da maioria dos transtornos de ansiedade que predominam sobre as mulheres. O início é indefinido, por ser muito gradual, impossibilitando os pacientes a identificarem até mesmo um ano em que este problema tenha começado. Na grande maioria das vezes o início é localizado na época em que começaram a se dar conta de que eram mais tímidos do que os outros, ou seja, na infância ou adolescência. Ainda não foram descritos casos na fobia social tendo iniciado após os trinta ou quarenta anos de idade. Isto não significa que não possa surgir nessa época, mas certamente só ocorre raramente. O mais tardar que a fobia social pode começar é no início da idade adulta, em torno de vinte anos; quando o paciente se dá conta percebe que é mais acanhado que a maioria das pessoas sob as mesmas condições.
Tratamento
O tratamento medicamentoso com o clonazepan ou os antidepressivos inibidores da rematação da serotonina está bem claro e definido. Essas medicações permitem uma recuperação entre setenta e noventa por cento. É pouco provável obter uma melhora de cem por cento embora algumas pessoas fiquem bem próximas disso. Talvez as pessoas com mais de cinqüenta anos de idade tenham uma certa resistência a melhora com medicação, este fato, contudo, ainda deve ser comprovado. A terapia cognitivo-comportamental vem apresentando bons resultados no tempo de um ou dois anos de duração. Não foi detectada recaída nos primeiros anos após a alta, mas acompanhamentos mais prolongados são necessários para se verificar o tempo que a terapia cognitivo-comportamental permite ao paciente estar livre dos sintomas: se definitivamente ou apenas alguns anos.Pode ser até que permita uma verdadeira cura caso os pacientes fiquem o resto da vida sem precisar de novas intervenções de qualquer natureza. Somente o tempo poderá verificar isso, ou seja, só as futuras gerações saberão desse fato.

Relato de caso
Abaixo está transcrito o relato de uma pessoa que sofreu um embaraço por causa de uma possível fobia social sem tratamento:
"Desde os meus 13 anos (agora tenho 22), percebo que quando alguém, durante uma conversa, me põe em uma situação constrangedora ou de observação, tenho algumas reações incômodas que se agravaram com o passar dos anos. Destas reações, a que mais me incomoda e o fato de eu ficar enruborecido, com as orelhas e o "pegando fogo". Esta reação acaba respondendo por mim acusações nem sempre verídicas. Um dia destes no trabalho, a caneta de estimação do meu chefe desapareceu, quando ele perguntou aos funcionários sobre o paradeiro da mesma, o único que pareceu mentir fui eu, devido às minhas reções de ficar vermelho tentando desviar as atenções sobre mim. Havia ficado claro para todos que eu sabia a resposta, embora eu afirmasse com toda a honestidade que não sabia quem a pegou. No dia seguinte, ele encontrou a caneta em sua própria casa e me perguntou porque eu havia tido aquela reação. Eu simplismente não sabia como explicar.
Centenas de casos como este aconteceram comigo e continuam acontecendo, ora com menor, ora com maior intensidade.
Eu não me considero uma pessoa tímida, a não ser por este motivo. Isto às vezes me causa depressão, nada que interrompa minha rotina. Mas, começo evitar pessoas e ocasiões que possam propiciar tais situações."


Última Atualização: 6-10-2004
Ref. Bibliograf: Liv 01 Liv 02 Liv 05 Liv 14
 Eur Psychiatry 2000: 15; 5-16
A European Perspective on Social Anxiety Disorder
Y Lecrubier





Postado por: Ana Cláudia Foelkel 
CRP 06/86466
Psicóloga Clínica e Organizacional
Consultoria R&S e T&D
(11)97273-3448

sábado, 8 de dezembro de 2012

ESTRESSE DE FIM DE ANO


Com a proximidade do final do ano, todos nós começamos a pensar em tudo que foi conquistado, e principalmente nas coisas que ainda não foram resolvidas. No campo profissional, é hora de rever as conquistas e começar a planejar os próximos passos e na vida é hora que "fecharmos para balanço". Mesmo sem se dar conta disto sozinhos, as preocupações com o desempenho e desenvolvimento de carreira, do relacionamento e da vida tornam-se maiores que a própria confiança. “Você então resolve que está na hora de fazer uma análise geral de sua vida: planos, objetivos, crescimento, promoções, atuação, motivação - tudo é posto em xeque: e é nesse momento que você fica preso numa teia formada de críticas, julgamentos e cobranças que desencadeiam num processo de estresse destrutivo”. 

Os vilões da vida moderna, como a depressão e o estresse emocional, são assuntos concorridíssimos em páginas de revistas especializadas e rodas de bate-papo. Mas, na realidade, ainda são tabus para grande parte das pessoas. O medo de se sentir vítima desses males, amedronta e provoca aversão até para os mais bem informados, principalmente para os homens, não admitir limitações e visível instabilidade emocional dificulta a busca de ajuda quando necessário. Já as mulheres, apesar de serem em geral mais suscetíveis às emoções, normalmente dividem suas angústias entre gravidez, depressão pós-parto, menopausa e na conciliação diária de trabalho, casamento e filhos.

Combater estresse emocional pode evitar casos de depressão e crises de caráter depressivo, muitas vezes, antes mesmo de uma manifestação brutal de um quadro de depressão. Indícios de estresse emocional podem ser identificados. "No entanto, controlar as influências deste estresse emocional no nosso dia-a-dia é uma arte".

O estresse é um estado de tensão física e mental sentido pelo indivíduo como limite, como um ponto crítico de cansaço. Os sintomas físicos mais frequentes são dor de cabeça, insônia e pressão alta. Colocar a culpa nas múltiplas atividades que a vida nos impõe é a principal saída para explicarmos este sentimento e quando se tenta encontrar a solução, nos vem em mente uma imagem paradisíaca de uma vida sem problemas. Na realidade, o estresse nasce de uma mentalidade errônea. Vem do cotidiano na qual o indivíduo não se reconhece. O estresse é o alarme que assinala que estamos jogando fora a nossa chance de ser feliz.

A todo o minuto a inteligência emocional será colocada à prova. Como dica, a auto-observação e o contato com familiares e amigos representam tropas de colisão. "A pró-atividade também conta: dedicar-se, no tempo livre, à prática de esportes e exercícios físicos, hobbies, trabalhos voluntários e relaxamento são fundamentais para revigorar a saúde física e mental".




Quando o fim do ano se aproxima, as pessoas se sentem sobrecarregadas com o excesso de trabalho, gastos e obrigações, o que causa estresse. Mesmo sendo um período de confraternização, é comum nos sentirmos estressados, desanimados e forçados a demonstrar uma alegria que pode não fazer parte da nossa vida naquele momento.
"No final do ano é comum as pessoas se sentirem estressadas porque acumulamos diversas atividades, como relatórios finais de trabalho ou de faculdade, rematrícula das escolas dos filhos, compras de presentes etc. Além disso, há um clima de felicidade e generosidade no ar, que muitas pessoas sentem que precisam corresponder".
"Tudo isso gera ansiedade e tensão, que identificamos em nosso corpo como estresse. O estresse, na verdade, é a tensão causada pelo desequilíbrio interno do nosso organismo".

Além dos afazeres cotidianos, temos de conciliar o fim do ano com uma série de comemorações, preparativos para as férias, planejamentos econômicos e shoppings lotados. "Tanta coisa a fazer gera uma impressão de atraso diante dos afazeres. Nem sempre sabemos respeitar o tempo do corpo e pulamos os momentos de repouso. Aí, quanto mais nos dedicamos aos múltiplos compromissos, mais nos estressamos. A necessidade de quitarmos o ano que se encerra também pode causar angústia".
 "O final de ano e começo de um novo, as festas de confraternização e os encontros familiares obrigatórios podem tornar este momento extremamente tenso e desgastante, originando o estresse".

Postado por: Ana Cláudia Foelkel 
CRP 06/86466
Psicóloga Clínica e Organizacional
Consultoria R&S e T&D
(11)97273-3448



sábado, 22 de setembro de 2012

DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO

No domingo, 05 de agosto de 2012, o Fantástico exibiu uma reportagem sobre homofobia que gerou bastante polêmica. O foco da reportagem foi sobre violência contra gays principalmente vindas da família.
Antes da reportagem sobre, o Fantástico exibiu uma matéria sobre cirurgia de trocas de sexo onde apresentaram diversos gays que fizeram a cirurgia e afirmaram terem sofrido bullying e preconceito por serem gays. O psiquiatra Miguel Chalub que afirmou que os homossexuais dizem que são “um erro de Deus: me deu um corpo de homem, mas minha cabeça, minha alma, minha motivação, maneira de ser, é tudo de mulher”.
Utilizando-se de dados do relatório da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos de 2011 e dos depoimentos dados em um telefone disponibilizado pela Rede Globo para ouvir relatos de homossexuais, o Fantástico exibiu a pequena reportagem de menos de 5 minutos sobre homofobia afirmando ter gravado cerca 50 relatos em 24 horas. Em um dos relatos um gay afirmou que “durante três ou quatro anos foram violências constantes. Surras, meu pai me jogava no chão e batia com os dois pés em cima de mim”, segundo ele “meu pai falava que ia orar para Deus me matar, para Deus me levar porque ele não queria ter filho homossexual”.
Embora reportagem fosse sobre homofobia na família, nem todos os relatos apresentados tinha agressões físicas, algumas eram apenas sobre pais não aceitavam que os filhos fossem homossexuais. “Eu vejo meus primos crescendo, meus primos levando as suas respectivas namoradas pra um encontro de família e eu não poder levar a minha”, disse uma lésbica.
Segundo os dados do relatório da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos a maioria das agressões são das mães. De acordo com Edith Modesto, presidente do Grupo de Pais de Homossexuais, “um deles [homossexuais] me falou e eu nunca mais me esqueci. Ele falou ‘Edith, para o meu maior amigo eu já contei, porque se eu perder o meu amigo, eu posso arrumar outro. Mas se a mãe não me quiser mais, como eu vou fazer?’”, conta Edith.

Vídeo: assista a reportagem do Fantástico sobre homofobia na íntegra

Preconceito é a ideia. Discriminação é a ideia colocada em "prática".
Um exemplo: em algum momento você pode não gostar de uma pessoa com determinada característica, feia ou bonita, bizarra ou estigmatizada, esse é um preconceito.
A partir do momento que você passa a insultá-los ou qualquer outro tipo de atitude pejorativa, é a discriminação.
Aprendemos que o preconceito leva à discriminação, quando deficientes da mente, como os autistas, são considerados inferiores e excluídos por aqueles que se consideram “melhores” como acontece em divulgações por jornalistas, principalmente por autoridades e políticos midiáticos.
O preconceito e a discriminação variam pela maneira com que cada cronista, colunista, apresentador de rádio ou televisão se expressa e, principalmente quando exterioriza o desprezo por determinados grupos portadores de alguma deficiência, da mente ou não, encontrado em determinada situação.
Discriminação é um conceito mais amplo e dinâmico do que o preconceito.
A discriminação pode ser provocada por indivíduos e por instituições, enquanto que o preconceito, só pelo indivíduo.
A imprensa, sem generalizar é claro, principalmente a televisão que precisa manter a sanha comercial mascarada de imparcialidade, não se preocupa com o conhecimento da causa que leva a reportar.
Um jornalista, em nome da ética profissional, muitas vezes pressionado pelo manual de redação e ainda o fantasma do desemprego, embora bem intencionado, acaba cometendo equívocos lamentáveis por falta de conhecimento, partindo do princípio de que a sua fictícia missão de bem informar, o impede pelo menos de saber o significado do que está falando.
Até onde a internet atingiu ainda se fala da Suzan Boyle, a solteirona escocesa de 47 anos, desempregada, desleixada e desmazelada, que morava sozinha com seu gato e mais, que nunca teria sido beijada, tornando-se um recorde de audiência indireto do canal de televisão que a revelou, no mundo inteiro.
Como assisti ao vídeo várias vezes, observei que ela ao responder sobre sua idade, disse também que tinha alguma coisa a mais naquele corpo, e balançou, pois não chegou a rebolar, provocando o espanto inicial aos seus julgadores e o início da avassaladora onda de repercussão de audiência mundial.
O exercício de pensamento que fiz a respeito sobre o que Suzan tinha a mais no corpo importa a mim, mas questiono o modo como o mundo que leio e vejo revelou e continua debatendo até o esgotamento, seu pensamento a respeito do seu biótipo e perfil, julgando aparências.
As discussões de todos os tipos, até onde acompanhei, tiveram como principais comentários sobre a caloura escocesa, já como vítima de preconceito, idade e aparência, os seus estereótipos, até com carimbo de alguns jornalistas e comentaristas bem intencionados exemplificando que nunca devemos julgar um livro pela capa.
Julgamentos rápidos são muito perigosos. Suzan diz que “não há nada que se possa fazer a respeito, é o modo como as pessoas são e como pensam”.
A Psicologia diz que os “estereótipos são vistos como “um mecanismo necessário para entendimento da informação".
Por uma inexplicável falta de conhecimento, como é o que acontece especificamente com o “autista”, que em nome da cultura do “achismo” algumas pessoas públicas, da imprensa e principalmente no meio político, por achar a palavra incomum, sem ao menos buscar a realidade do que é, falam, rotulam e citam pejorativamente provocando ferimentos difíceis de cicatrizar em quem nada tem a ver com a sua desinformação.
Rotular qualquer pessoa, não importa quem, representa ignorância, é um caso de covardia e crueldade.
Devemos aprender levar espiritualidade para nossa vida, antes que modismos descartáveis eliminem até os conceitos de família.
Barack Obama contrariou os estereótipos negativos a respeito dos negros, mas algumas pessoas contrárias a qualquer tipo de inclusão social, já estão criando um subtipo de negros - profissionais negros - em vez de contestar o estereótipo geral, neutralizando noções preconcebidas como fizeram com caloura Suzan Boyle.
 “A deficiência, não, faz parte da pessoa” porque "se uma pessoa é bonita ou simpática, as outras riem das piadas dela, e interagem com ela, de uma forma que facilita a interação social". "Se uma pessoa não é atraente, é mais difícil conseguir todas estas coisas porque as outras pessoas não a procuram".
A caloura já passou a categoria de profissional. Outros discriminados por situações parecidas foram extintos do meio artístico.
Agora as preocupações do mundo se voltam para a influenza H1N1, mais conhecida como "gripe suína".
O porco que nada tem a ver com resfriado ou gripe, em muitos países está deixando de ser alimento.
Está sendo discriminado, banido ou morto. É preconceito.
Os Diversos Tipos de Preconceito e Discriminação - Escala de Allport

Preconceito:
É um juízo preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discriminatória que se baseia nos conhecimentos surgidos em determinado momento como se revelassem verdades sobre pessoas ou lugares determinados. Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguém ao que lhe é diferente. As formas mais comuns de preconceito é a social, racial e sexual.

Discriminação: Significa “fazer uma distinção”. Existem diversos significados para a palavra, incluindo a discriminação estatística ou a atividade de um circuito chamado discriminador. O significado mais comum, no entanto, tem a ver com a discriminação sociológica: a discriminação social, racial, religiosa, sexual, étnica ou especista.

Tipos de preconceitos:

Racial, ou Racismo:
O racismo é a tendência do pensamento, ou do modo de pensar em que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras. Onde existe a convicção de que alguns indivíduos e sua relação entre características físicas hereditárias, e determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais, são superiores a outros. O racismo não é uma teoria científica, mas um conjunto de opiniões pré concebidas onde a principal função é valorizar as diferenças biológicas entre os seres humanos, em que alguns acreditam ser superiores aos outros de acordo com sua matriz racial. A crença da existência de raças superiores e inferiores foi utilizada muitas vezes para justificar a escravidão, o domínio de determinados povos por outros, e os genocídios que ocorreram durante toda a história da humanidade.

Etnocentrismo:
É uma atitude na qual a visão ou avaliação de um grupo sempre seria baseada nos valores adotados pelo seu grupo, como referência, como padrão de valor. Trata-se de uma atitude discriminatória e preconceituosa. Basicamente, encontramos em tal posicionamento um grupo étnico sendo considerado como superior a outro.

Não existem grupos superiores ou inferiores, mas grupos diferentes. Um grupo pode ter menor desenvolvimento tecnológico (como, por exemplo, os habitantes anteriores aos europeus que residiam nas Américas, na África e na Oceania) se comparado a outro, mas, possivelmente, é mais adaptado a determinado ambiente, além de não possuir diversos problemas que esse grupo “superior” possui.

A tendência do homem nas sociedades é de repudiar ou negar tudo que lhe é estranho ou não está de acordo com suas tendências, costume e hábitos. Na civilização grega, o bárbaro, era o que “transgredia” toda a lei e costumes da época, é etimologicamente semelhante ao homem selvagem na sociedade ocidental.

Sexismo:
É a discriminação ou tratamento indigno a um determinado gênero, ou ainda a determinada identidade sexual.

Existem duas assunções diferentes sobre as quais se assenta o sexismo:

Um sexo é superior ao outro.

Mulher e homem são profundamente diferentes (mesmo além de diferenças biológicas), e essas diferenças devem se refletir em aspectos sociais como o direito e a linguagem.

Em relação ao preconceito contra mulheres, diferencia-se do machismo por ser mais consciente e pretensamente racionalizado, ao passo que o machismo é um muitas vezes um comportamento de imitação social. Nesse caso o sexismo muitas vezes está ligado à misoginia (ódio às mulheres).

Machismo ou chauvinismo masculino, é a crença de que os homens são superiores às mulheres.
A palavra “chauvinista” foi originalmente usada para descrever alguém fanaticamente leal ao seu país, mas a partir do movimento de libertação da mulher, nos anos 60, passou a ser usada para descrever os homens que mantém a crença na inferioridade da mulher, especialmente nos países de língua inglesa. No espaço lusófono, a expressão “chauvinista masculino” (ou, simplesmente, “chauvinista”) também é utilizada, mas “machista” é muito mais comum.

Machistas:
São por vezes postos em oposição ao feminismo. No entanto, a crença oposta ao machismo é a da superioridade feminina e, embora alguns masculistas possam pensar que essa é a definição de feminismo, geralmente não se considera esta ideia correta. Alguns machistas tendem ainda a ofender-se por desigualdades de gênero favoráveis às mulheres.

Femismo é um neologismo e seu significado possui uma carga ideológica muito grande. É uma expressão que hipoteticamente significaria um conjunto de ideias que considera a mulher superior ao homem, e que, portanto, deveria dominá-lo. Como um machismo às avessas.

A criação e o uso da palavra “femismo” supõe-se que foi uma forma encontrada pelas feministas para denominar os preconceitos ao sexo masculino praticados por outras feministas dentro do movimento social feminista. Essas feministas que pregam o preconceito contra o sexo masculino são consideradas por outras feministas como “femista”.

Preconceito lingüístico é uma forma de preconceito a determinadas variedades lingüísticas. Para a lingüística, os chamados erros gramaticais não existem nas línguas naturais, salvo por patologias de ordem cognitiva. Ainda segundo esses lingüistas, a noção de correto imposta pelo ensino tradicional da gramática normativa originam um preconceito contra as variedades não-padrão.

Homofobia:
É um termo criado para expressar o ódio, aversão ou a discriminação de uma pessoa contra homossexuais ou homossexualidade.

Transfobia é a aversão a pessoas trans (transexuais, transgêneros, travestis) ou discriminação a estes.

A transfobia manifesta-se normalmente de forma mais reconhecida socialmente contra as pessoas trans adultas, quer sob a forma de opiniões negativas, quer sobre agressões físicas ou verbais. Manifesta-se também muitas vezes de forma indirecta com a preocupação excessiva em garantir que as pessoas sigam os papéis sociais associados ao seu sexo biológico. Por exemplo, frases como “menino não usa saia” são, em sentido lato, uma forma de transfobia.

A transfobia é também muitas vezes combinada com homofobia quando é feita a associação entre homens femininos e homossexualidade, partindo do princípio – equivocado – de que todos os homossexuais são necessariamente femininos e que ser homem efeminado é algo de negativo.

Heterossexismo é um termo relativamente recente e que designa um pensamento segundo o qual todas as pessoas são heterossexuais até prova em contrário.

Um indivíduo ou grupo classificado por heterossexista não reconhece a possibilidade de existência da homossexualidade (ou mesmo da bissexualidade). Tais comportamentos são ignorados ou por se acreditar que são um “desvio” de algum padrão, ou pelo receio de gerar polêmicas ao abordar determinados assuntos em relação à sexualidade.

Apesar de poder ser considerada como uma forma de preconceito, se diferencia da homofobia por ter como característica o ato de ignorar manifestações sexuais geralmente minoritárias (as situações homofóbicas não só não ignoram como apresentam aversão).

Xenofobia é o medo natural (fobia, aversão) que o ser humano normalmente tem ao que é diferente (para este indivíduo).

Xenofobia é também um distúrbio psiquiátrico ao medo excessivo e descontrolado ao desconhecido ou diferente.

Xenofobia é ainda usado em um sentido amplo (amplamente usado mas muito debatido) referindo-se a qualquer forma de preconceito, racial, grupal (de grupos minoritários) ou cultural. Apesar de amplamente aceito, este significado gera confusões, associando xenofobia a preconceitos, levando a crer que qualquer preconceito é uma fobia.

Chama-se comumente chauvinismo à crença narcisista próxima à mitomania de que as propriedades do país ao qual se pertence são as melhores sob qualquer aspecto. O termo provém da comédia francesa La Cocarde Tricolore (”O Tope Tricolor”), dos irmãos Cogniard, na qual um ator chamado Chauvin personifica um patriotismo exagerado.

Chauvinismo:
O chauvismo resulta de uma argumentação falsa ou paralógica, uma falácia de tipo etnocêntrico ou de ídola fori. Em retórica, constitui alguns dos argumentos falsos chamados ad hominem que servem para persuadir com sentimentos em vez de razão quem se convence mais com aqueles que com estes. A prática nasceu fundamentalmente com a crença do romantismo nos “caráteres nacionais” (ou volkgeist em alemão). Milênios antes, no entanto, os antigos gregos já burlavam de quem se convencia de que a lua de Atenas era melhor que a de Éfeso.

Preconceito social:
É uma forma de preconceito a determinadas classes sociais.

É uma atitude ou ideia formada antecipadamente e sem qualquer fundamento razoável; o preconceito é um juízo desfavorável em relação a vários objetos sociais, que podem ser pessoas, culturas. O preconceito social também existe quando julgamos as pessoas por atitudes e logo enfatizamos que a mesma só a teve a atitude por ser de certa classe social, ou seja se a pessoa tem uma boa condição financeira ela não vai sofrer nenhum tipo de preconceito social, seria mais fácil ela ter preconceito para com as outras pessoas.

Estereótipo:
É a imagem preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação.

Estereótipos são fonte de inspiração de muitas piadas, algumas de conteúdo racista, como as piadas de judeu, que é retratado como ávaro, português (no Brasil), como pouco inteligente, etc. O estereótipo pode estar relacionado ao preconceito.
Existe uma maneira de medir o preconceito de uma sociedade:

Escala de Allport
É um método para medir o preconceito numa sociedade. Também é conhecida por Escala de Preconceito e Discriminação de Allport ou Escala de Preconceito de Allport. Ela foi descrita pelo psicólogo Gordon Allport em seu livro The Nature of Prejudice (1954). A Escala de Allport vai de 1 a 5.

Nível 1 – Antilocução
Antilocução significa um grupo majoritário fazendo piadas abertamente sobre um grupo minoritário. A fala se dá em termos de estereótipos negativos e imagens negativas. Isto também é chamado de incitamento ao ódio. É geralmente vista como inofensiva pela maioria. A antilocução por si mesma pode não ser danosa, mas estabelece o cenário para erupções mais sérias de preconceito. Por exemplo, piadas sobre portugueses (no Brasil), brasileiros (em Portugal), negros, japoneses, gays etc.

Nível 2 – Esquiva
O contato com as pessoas do grupo minoritário passa a ser ativamente evitado pelos membros do grupo majoritário. Pode não se pretender fazer mal diretamente, mas o mal é feito através do isolamento.

Nível 3 – Discriminação
O grupo minoritário é discriminado negando-lhe oportunidades e serviços e acrescentando preconceito à ação. Os comportamentos têm por objetivo específico prejudicar o grupo minoritário impedindo-o de atingir seus objetivos, obtendo educação ou empregos etc. O grupo majoritário está tentando ativamente prejudicar o minoritário.

Nível 4 – Ataque Físico
O grupo majoritário vandaliza as coisas do grupo minoritário, queimam propriedades e desempenham ataques violentos contra indivíduos e grupos. Danos físicos são perpetrados contra os membros do grupo minoritário. Por exemplo, linchamento de negros nos Estados Unidos da América, pogroms contra os judeus na Europa, e a aplicação de pixe e penas em mórmons nos EUA dos anos 1800.

Nível 5 – Extermínio
O grupo majoritário busca a exterminação do grupo minoritário. Eles tentam liquidar todo um grupo de pessoas (por exemplo, a população dos índios norte-americanos, a Solução Final para o Problema Judeu, a Limpeza Étnica na Bósnia etc).

Fonte: Wikipedia 

Postado por: Ana Cláudia Foelkel Simões
Psicóloga Clínica e Terapeuta
(11)97273-3448