A terapia cognitiva baseia-se numa
teoria específica da psicopatologia. Inclui-se neste sistema um conjunto de
princípios e técnicas terapêuticas, de conhecimentos derivados de investigações
empíricas. A sua estrutura teórica alicerça-se na psicologia cognitiva, na
teoria do processamento da informação e na psicologia social. O processo
terapêutico é ativo, com uma abordagem limitada no tempo, que tem sido usada
favoravelmente no tratamento de um vasto conjunto de perturbações. A terapia
cognitiva baseia-se na proposta teórica de que o modo como as pessoas pensam e
percebem tem um grande impacto no modo como sentem e se comportam. Assim, se
interpretam uma situação como sendo perigosa, sentem-se ansiosos e com uma
necessidade urgente de fugir. Os pensamentos, sejam eles verbais ou
imaginários, decorrem das crenças, atitudes e pressupostos que são
desenvolvidos precocemente na vida de uma pessoa.
A expressão “Terapia Cognitiva” deriva
da descoberta de que as perturbações psicológicas decorrem frequentemente de
erros específicos e habituais de pensamento. “Cognitivo” tem origem no termo
latino para pensamento, referindo-se à maneira como as pessoas fazem
julgamentos e tomam decisões, assim como suas interpretações, corretas ou
incorretas, das suas ações e das ações dos outros. Na terapia, é colocada
ênfase na investigação e modificação, quer das estruturas cognitivas das
pessoas, incluindo o conceito de ideias conscientes, imagens e memórias, quer
dos processos cognitivos tais como a atenção, o raciocínio, a recuperação e as
expectativas.
A terapia cognitiva considera as
pessoas como sendo moldadas pelas estruturas ou processos cognitivos
desenvolvidos desde cedo na vida. Os problemas psicológicos são compreendidos
como decorrendo de processos comuns, tais como uma aprendizagem defeituosa, uma
realização de interferências incorretas com base em informação inadequada ou
incorreta e uma ausência de discriminação adequada entre imaginação e
realidade.
Desde cedo na vida, fundamentados em
pressupostos errados, as pessoas podem formular regras ou padrões
excessivamente rígidos e absolutos. Tais padrões derivam de “esquemas” ou
“padrões complexos de pensamento”, os quais determinam o modo como os fatos
serão percebidos e conceituados. Estes esquemas ou padrões de pensamento são
empregados com frequência, mesmo na ausência de dados ambientais, podendo
funcionar como um tipo de “molde”, que modela os dados recebido de modo a
ajustá-los e a reforçar as noções preconcebidas. Esta distorção de experiência
é mantida por intermédio da ação de erros característicos no processamento da
informação. Argumenta-se, também, que vários gêneros de pensamentos contribuem
para os ciclos de feedback que fundamentam as perturbações psicológicas. Por
exemplo, erros sistemáticos de raciocínio, denominados “distorções cognitivas”,
estão presentes durante períodos de sofrimento psicológico. Estes erros incluem
alguns dos seguintes:
- Interferência arbitrária. São tiradas conclusões na ausência de
evidência substancial que as apoie. Por exemplo, um homem cuja mulher vem
do trabalho e chega a casa com meia hora de atraso conclui: “Ela deve ter
um caso com alguém.”
- Abstração seletiva. A informação é tomada fora do seu contexto e
certos detalhes são realçados, enquanto outra informação é ignorada. Por
exemplo, uma mulher cujo marido não responde ao seu primeiro cumprimento
do dia conclui: “Ele deve estar outra vez zangado comigo.”
- Hiper generalização. Um ou dois incidentes isolados são admitidos
como representações de situações similares em toda a parte, relacionadas.
Por exemplo, depois de ter sido rejeitado para um primeiro encontro
romântico, um jovem conclui: “Todas as mulheres são iguais; eu serei
sempre rejeitado.”
- Ampliação e minimização. Um acontecimento ou circunstância é
percebido por uma ótica mais ou menos favorável do que aquela que é
apropriada. Por exemplo, a descoberta de que o talão de cheques foi
cancelado enfurece o marido, que declara à sua esposa: “Estamos
financeiramente condenados.”
- Personalização. Acontecimentos externos são atribuídos a si próprio
na ausência de evidência suficiente para exprimir uma conclusão. Por
exemplo, uma mulher descobre o seu marido passando a ferro uma camisa que
já estava passada e presume: “Ele não está satisfeito com o modo como eu
trato da sua roupa.”
- Pensamento dicotômico. As experiências são codificadas em termos de
branco ou preto, como um sucesso absoluto ou um fracasso total. Por
exemplo, após solicitar a opinião da esposa acerca da coloração do papel
de parede na sala, esta questiona as linhas de junção, e o marido pensa
consigo mesmo: “Não consigo fazer nada certo.”
- Rotulação correta e incorreta. A identidade de uma pessoa é
representada com base em imperfeições e erros feitos no passado, sendo
estes usados para definir a sua propriedade. Por exemplo, numa sequência
de erros contínuos na preparação das refeições, um dos cônjuges afirma:
“Eu não presto para nada”, por oposição ao reconhecimento dos seus erros
como sendo humanos.
Estes são alguns erros que cometemos na
nossa rotina.
Para conhecer-se melhor, faça terapia
cognitiva!
Fonte: Fronteiras da Terapia
Cognitiva
Postado por: Ana Cláudia Foelkel
Simões
Psicóloga Clínica - (11)
97273-3448