Os principais tópicos: atitude violenta, agressiva
e anti-social.
Os termos Psicopata, Sociopata, Anti-social, Transtornos de Conduta, Delinquência, Borderline, até certo ponto, e muitos outros congêneres, juntamente com conceitos tais como Personalidade Criminosa, Personalidade Psicopática, Propensão ao Delito, etc., estão constantemente sendo revistos pela psiquiatria em geral e, particularmente, pela Psiquiatria Forense. Toda essa temática tem, também, um grande interesse para a sociologia, política e antropologia, na medida em que a sociedade tem se surpreendido com fenômenos de agressividade e violência estarrecedoras.
As perenes ocorrências de crimes seriais,
juntamente com as igualmente perenes atitudes destrutivas de fundo religioso e
político e as atuais conturbações do mundo moderno, principalmente as grandes
tragédias político-sociais que abalam os grandes centros, como por exemplo, as
ações terroristas, têm chamado muito a atenção sobre a destrutividade potencial
que caracteriza a conduta de algumas pessoas. Seriam psicopatas todas as
pessoas envolvidas nessas ações delituosas?
Com finalidade didática, resolvemos agrupar todos
esses desvios da atitude humana que conflitam com os padrões sociais normais da
vida gregária sob a denominação de:
TRANSTORNOS DA LINHAGEM SOCIOPÁTICA.
Nesse capítulo, compreensivamente bastante longo,
veremos de maneira didática os principais tópicos que relacionam a psiquiatria
com a atitude humana violenta, agressiva e anti-social. Nossa sistematização se
dá assim:
1.Comportamento Violento
2.Personalidade Psicopática
2.1 - Transtorno Psicopático e Sociopático
2.2 - Personalidade Anti-Social
2.3 - Personalidade Criminosa
2.4 - Personalidade Psicopática e Moral
2.5 - Violência no Psicopata
3.Personalidade Borderline
4.Transtorno Explosivo da Personalidade
5.Transtorno de Conduta
6.Agressividade em Crianças e Adolescentes
2.Personalidade Psicopática
2.1 - Transtorno Psicopático e Sociopático
2.2 - Personalidade Anti-Social
2.3 - Personalidade Criminosa
2.4 - Personalidade Psicopática e Moral
2.5 - Violência no Psicopata
3.Personalidade Borderline
4.Transtorno Explosivo da Personalidade
5.Transtorno de Conduta
6.Agressividade em Crianças e Adolescentes
PERSONALIDADE PSICOPÁTICA - TRAÇOS
E CARACTERÍSTICAS
A psicopatologia em geral e a psiquiatria forense
em especial têm dedicado, há tempo, uma enorme preocupação com o quadro
conhecido por Psicopatia (ou Sociopatia,
Transtorno Dissocial, Transtorno Sociopático, etc).
Trata-se de um terreno difícil e cauteloso, este
que engloba as pessoas que não se enquadram nas doenças mentais já bem
delineadas e com características bastante específicas, a despeito de se
situarem à margem da normalidade psico-emocional ou, no mínimo, comportamental.
As implicações forenses desses casos reivindicam da psiquiatria estudos
exaustivos, notadamente sobre o grupo de entidades entendidas como Transtornos da Personalidade.
A VIOLÊNCIA E IMPULSIVIDADE NO PSICOPATA
As descrições da Psicopatia têm incluído déficits
afetivos e alguns processos psicofisiológicos associados. A nosso ver, a maneira
de ser do psicopata é os resultados de um complexo sistema de avaliação do
objeto, juntamente com uma série de condutas aprendidas como eficazes.
Antes que o sujeito interaja com o objeto, ou seja,
em nosso caso, para que o sujeito psicopata elabore considerações sobre os
objetos de sua realidade e com eles se inter-relacione, obrigatoriamente temos
que refletir sobre suas características cognitivas.
Essa consideração cognitiva prévia decorre da
tendência atual que considera as cognições como propriedades da consciência com
potencialidade de causar determinadas respostas emocionais e sociais. Portanto,
as bases biológicas da personalidade e de seus transtornos, como é o caso da
psicopatia, muitas vezes se expressam em cognições disfuncionais.
Os estilos de relacionamento interpessoais
expressam, além das tendências motivacionais, também o perfil cognitivo da
pessoa. Os traços que definem a personalidade de cada um também podem ser
analisados à luz das comunicações interpessoais, o que, por sua vez, volta a ter
que ver com as motivações e com o perfil cognitivo da pessoa.
Assim sendo, as motivações estão sempre atreladas
ao perfil cognitivo da pessoa e, a motivação do psicopata gira em torno do
poder e do status destacado na hierarquia social, num contexto de repúdio ou
evitação da empatia e apego.
Tem-se que considerar vários aspectos vinculados
com a agressão e Psicopatia. Um deles é a relação existente entre agressão e
impulsividade. Os vínculos entre a agressão e a impulsividade têm sido
minuciosamente estudados por Seroczynski (1999). Entre os muitos traços de personalidade
comórbidos estudados na psicopatologia, a associação entre impulsividade e agressividade
é um dos mais frequentes. Mas, vejamos com mais calma se esses traços, de fato,
estão inexoravelmente atrelados.
Para entender melhor nosso raciocínio, será
importante a distinção entre Agressão
Depredadora (ou Proativa) e Agressão Reativa. Por último, teríamos que ver a real relação da Psicopatia com os grandes criminosos, como por exemplo, os
assassinos em série e de massa. A Agressão Reativa tem
sido definida como uma reação hostil à uma frustração percebida. O individuo Agressivo Reativo super-reage diante a menor provocação e costuma ser
explosivo e instável.
Por outro lado, na Agressão Proativa (ou Depredadora) a pessoa tem uma conduta agressiva
e violenta dirigida para uma meta determinada. Este tipo de agressor pode ser
perigosíssimo aos demais e uma ameaça criminal para a sociedade. Vendo o
problema desse jeito, podemos dizer que a Agressão Reativa é a que está mais
fortemente ligada à impulsividade, enquanto que a Agressão Proativa é mais elaborada,
planejada e premeditada.
Voltando agora à questão
agressividade-impulsividade, e ainda tomando por base essa distinção das
agressões em Proativa e Reativa, pode ser perfeitamente possível uma pessoa ser
agressiva sem ser impulsiva e, não surpreendentemente, ser impulsivo sem ser
agressivo. Então, para que estejamos certos, é necessário que a natureza da
agressividade e da impulsividade seja diferente e não, obrigatoriamente, a
mesma.
Isso significa que, no desenvolvimento da
personalidade, os fatores genéticos, ambientais ou combinações de ambos,
capazes de influenciar nos traços de agressividade e impulsividade, atuariam
diferentemente em diferentes pessoas. Barratt (1999) demonstrou em
suas pesquisas que os criminosos impulsivos presos diferiam dos que não eram
impulsivos em várias medições neuropsicológicas, cognitivas e
neurofisiológicas, sugerindo com isso que os dois tipos de criminosos poderiam ter
etiologia distinta.
Apesar disso, existe quem apoia a ideia da
impulsividade e agressividade estarem sempre sobrepostas numa mesma pessoa, tal
como ocorreria, para esses autores, na sobreposição entre o Transtorno por Déficit de Atenção (TDAH) e os Transtornos de Conduta (TC). Aqueles que não compartilham esta posição,
entre os quais nos colocamos, alegam que o TDAH e a agressão não estão
obrigatoriamente e nem frequentemente correlacionados.
Até o momento, tudo parece levar a crer que a
impulsividade, que é o traço mais associado à Agressão Reativa, teria muito mais
influência genética do que a Agressão
Proativa. Para essa Agressão Depredadora, as influências ambientais teriam um papel
fundamental, tais como experiências traumáticas ou ameaçadoras, precoces e
duradouras.
As pessoas que exibem comportamentos impulsivos
têm, em geral, outros problemas de conduta e/ou emocionais. A irritabilidade, e
não a agressividade, parece ser, o sintoma mais fortemente relacionado com a
impulsividade. De outra forma, a possível relação entre Agressão Reativa e impulsividade parece provir, segundo Eduardo Mata (1999), das redes neuronais (assembléias neuronais)
que manejam o controle da impulsividade, bem como dos fatores neuroquímicos do
cérebro.
Segundo Meloy (Richards, 1998), uma das
respostas fisiológicas que diferencia os Psicopatas, tanto dos Anti-sociais
quanto dos normais, seria um sentimento de apego severamente perturbado, isto
é, um prejuízo e fracasso nas atitudes de apego e nas identificações malignas.
O déficit do Psicopata na capacidade de
apegar-se ou vincular-se aos outros pode também ser melhor conceitualizado por
vias neurológicas inespecíficas ou uma configuração incomum de genes. Outra
opção causal sugere um defeito que resulta numa superabundância de impulsos
agressivos ou um defeito nas funções psíquicas inibitórias, ou ainda, na
combinação de ambos.
Assim sendo, um defeito do Superego, juntamente com
uma predisposição inata para impulsividade e agressividade, mais a natureza
adversa de experiências infantis precoces (normalmente antes dos 36 meses),
criariam condições propícias para o desenvolvimento da Personalidade Psicopática.
CARACTERÍSTICAS DA PERSONALIDADE PSICOPÁTICA
CARACTERÍSTICAS DA PERSONALIDADE PSICOPÁTICA
Blackburn (1998) desenvolveu uma
interessante tipologia para os subtipos de psicopatas, inclusive considerando o
aspecto Anti-social como se tratasse de um dos sintomas possíveis de
estar presente em certos casos. Inicialmente ele fez uma distinção entre dois
tipos de psicopatas e ambos compartilhando um alto grau de impulsividade: um Tipo Primário, caracterizado por uma adequada socialização e uma
total falta de perturbações emocionais, e um Tipo Secundário, caracterizado pelo
isolamento social e traços neuróticos.
Apesar de todas as variações tipológicas dos mais
diversos autores, todos parecem estar de acordo nas características nucleares
do conceito; impulsividade e falta de sentimentos de culpa ou arrependimento.
Mais tarde os 2 subtipos de Blackburn (Primário e Secundário) foram aprimorados em 4 subtipos mas, para nosso
trabalho, apenas esses dois tipos iniciais são relevantes :
1 - Os Psicopatas Primários,
caracterizados por traços impulsivos, agressivos, hostis, extrovertidos,
confiantes em si mesmos e baixos teores de ansiedade. Neste grupo se encontram,
predominantemente, as pessoas narcisistas, histriônicas, e anti-sociais. Sua
figura pode muito bem se identificar com personalidades do mundo político.
2 - Os Psicopatas Secundários,
normalmente hostis, impulsivos, agressivos, socialmente ansiosos e isolados,
mal-humorados e com baixa auto-estima. Aqui se encontram anti-sociais,
evitativos, esquizóides, dependentes e paranóides. Podem ser identificados com
líderes excêntricos de seitas, cultos e associações mais excêntricas ainda.
Entre esses 2 subtipos, as pessoas pertencentes ao
grupo dos Psicopatas Secundários, seriam as mais desviadas socialmente, são também
desviadas em outros aspectos. Nessas pessoas é onde mais se encontram as
anormalidades no Eletroencefalograma, as quais têm sido descritas precocemente.
Os Psicopatas
Primários, por sua vez, têm
mais excitação cortical e autonômica, e maior tendência a buscar sensações.
Entre esses grupos existem também diferenças quanto à agressividade e
criminalidade.
Os Psicopatas
Primários ainda teriam
convicções mais firmes para efetuar crimes violentos, enquanto que os Psicopatas Secundários para os roubos. Psicopatas Primários e Psicopatas Secundários seriam mais dominantes, tanto em
situações ameaçantes como aflitivas, mas os Psicopatas Secundários mostram mais fúria diante da
ameaça, tanto física como verbal.
Os Psicopatas
Primários e Psicopatas Secundários podem corresponder à brilhante classificação de
Millon ao Psicopata Carente de
Princípios (veja adiante).
Esses dois subtipos compartilham alguns traços em comum, mas os Secundários têm muito mais ansiedade social e traços de
personalidade esquizóides, evitativos e passivo-agressivos. É muito provável
que a maioria ingresse no critério mais amplo de borderlines.
Com relação ao potencial de conflitos interpessoais
da personalidade do psicopata é interessante considerar dois modelos: o grau de
poder ou controle exercido sobre as demais e o grau de afinidade. Sobre o poder
está em apreço a dominância ou a submissão aos demais e, em relação à
afinidade, entra em cena a hostilidade ou o cuidado.
A expressiva maioria dos psicopatas estabelece uma
interação social do tipo hostilidade e dominância, ficando a submissão e
cuidado por conta dos não psicopatas. Para o exercício da dominância e
hostilidade, o psicopata costuma culpar a outros, mentir com frequência, buscar
continuadamente atenção e ameaçar a outros com violência. O contrário dessa
postura seria a amabilidade social, representada pelas condutas coercitivas e
dóceis.
Entretanto, para complicar ainda mais essa questão
dos traços, devemos considerar o desempenho sócio-teatral dos psicopatas,
através do qual manifestam atitudes que não fazem parte de suas características
genuínas, mas, sobretudo, de suas simulações sociais.
É assim que a Psicopatia pode aparecer
estreitamente vinculada com a amabilidade. Neste modelo o Psicopata Primário tende a ser coercitivo e, apesar disso, também
dominante e sociável (gregário). Já os Psicopatas Secundários,
além de poderem ser também coercitivos, costumam ser mais isolados e
aparentemente submissos. Mas ambos tipos exibem estilos interpessoais que os
coloca na possibilidade de ter conflitos com terceiros. De qualquer forma,
satisfazendo os critérios usados para definir osTranstornos de Personalidade, de modo geral, os psicopatas tendem a manifestar
comportamentos rígidos e inflexíveis.
Millon (1998) desenvolveu também uma
subtipologia dos psicopatas, por sinal, de interesse clínico maior que a
subtipologia de Blackburm. A idéia de Millon foi dirimir as
contradições entre numerosas visões que se têm sobre o psicopata. Mesmo
considerando diversos subtipos de psicopatas, Millon deixa claro que
existem elementos comuns a todos os grupos: um marcado egocentrismo e um
profundo desprezo pelos sentimentos e necessidades alheias.
Com finalidade exclusivamente didática,
modificamos, condensamos e sistematizamos a subtipologia de Millon da seguinte forma:
1 - O Psicopata Carente de
Princípios: Este tipo de
psicopata se apresenta frequentemente associado às personalidades narcisistas e
histéricas. Podem até conseguir manter-se com êxito nos limites do legal.
Estes psicopatas exibem com arrogância um forte
sentimento de autovalorização, indiferença para com o bem estar dos outros e um
estilo social continuamente fraudulento. Existe neles sempre a expectativa de
explorar os demais (esse traço pode corresponder ao estilo dominante dos Psicopatas Primário e Secundário de Blackburn).
Há neles uma consciência social bastante deficiente
e se faz notória uma grande inclinação para violação das regras, sem se
importarem com os direitos alheios. A irresponsabilidade social se percebe
através de fantasias expansivas e de grosseiras, contumazes e persistentes
mentiras.
Falta, nesses Psicopatas Carentes de Princípios, o Superego. Essa falta é responsável pelos seus
relacionamentos inescrupulosos, amorais, desleais e exploradores. Podem estar
presentes entre sociedades de artistas e de charlatões, muitos dos quais são
vingativos e desdenhosos com suas vítimas.
O psicopata sem princípios mostra sempre um desejo
de correr riscos, sem experimentar temor de enfrentar ameaças ou ações
punitivas. São buscadores de novas sensações. Suas tendências maliciosas
resultam em frequentes dificuldades pessoais e familiares, assim como
complicações legais.
Estes psicopatas narcisistas funcionam como se não
tivessem outro objetivo na vida, senão explorar os demais para obter benefícios
pessoais. Eles são completamente carentes de sentimentos de culpa e de
consciência social. Normalmente sua relação com os demais dura tempo suficiente
em que acredita ter algo a ganhar.
Os Psicopatas Carentes de Princípios exibem uma total
indiferença pela verdade, e se são descobertos ou desmascarados, podem
continuar demonstrando total indiferença. Uma de suas maiores habilidades é a
facilidade que têm em influenciar pessoas, ora adotando um ar de inocência, ora
de vítima, de líder, enfim, assumindo um papel social mais indicado para a
circunstância. Podem enganar a outros com encanto e eloquência. Quando
castigados por seus erros, ao invés de corrigirem-se, podem avaliar a situação
e melhorar suas técnicas em continuar a conduta exploradora.
Carentes de qualquer sentimento de lealdade,
juntamente com uma extrema competência em desempenhar papéis, os psicopatas
normalmente ocultam suas intenções debaixo de uma aparência de amabilidade e
cortesia.
2 - O Psicopata Malévolo: Juntamos aqui as características que Millon atribui aos subtipos Malévolo, Tirânico e Maléfico,
por razões didáticas e por considerar que todos três comumente se manifestam
numa mesma pessoa.
Os Psicopatas
Malévolos são particularmente
vingativos e hostis. Seus impulsos são descarregados num desafio maligno e
destrutivo da vida social convencional. Eles têm algo de paranóicos na medida
em que desconfiam exageradamente dos outros e, antecipando traições e castigos,
exercem uma crueldade fria e um intenso desejo de vingança.
Além de esses psicopatas repudiarem emoções ternas,
há neles uma profunda suspeita de que os bons sentimentos dos demais são sempre
destinados a enganá-los. Adotam uma atitude de ressentimento e de propensão a
buscar revanche em tudo, tendendo dirigir a todos seus impulsos vingativos.
Alguns traços desses psicopatas se parecem com os sádicos e/ou paranóides, com
características beligerantes, mordazes, rancorosos, viciosos, malignos, frios, brutais,
truculentos e vingativos, fazendo, dessa forma, com que muitos deles se revelem
assassinos e assassinos seriais.
Quando os Psicopatas Malévolos enfrentam à lei e sofrem sanções
judiciais, ao invés de se corrigirem, aumentam ainda mais seu desejo de vingança.
Quando se situam em alguma posição de poder, eles atuam brutalmente para
confirmar sua imagem de força.
Irritados pelo frequente repúdio social que
despertam, esses Psicopatas Malévolos estão continuamente experimentando uma necessidade
de retribuição agressiva, a qual pode, eventualmente, expressar-se abertamente
em atentados coletivos ou atitudes anti-sociais (a luta sociedade versus eu).
De qualquer forma, nunca demonstram a o mínimo sentimento de culpa ou
arrependimentos por seus atos violentos. Ao invés disso, mostram uma arrogante
depreciação pelos direitos dos outros.
É curioso o fato, desses psicopatas, serem capazes
de dar uma explicação racional aos conceitos éticos, capazes de conhecerem a
diferença entre o que é certo e errado, mas, não obstante, são incapazes de
experimentar tais sentimentos.
A noção ética faz com que o Psicopata Malévolo defina melhor os limites de seus próprios
interesses e não perca o controle de suas ações. Esse tipo de psicopata se
encontra entre os mais ameaçantes e cruéis. Ele é invariavelmente destrutivo,
sem misericórdia e desumano.
A noção de certo-errado faz com que esses
psicopatas sejam oportunistas e dissimulem suas atitudes ao sabor das
circunstâncias, ou seja, diante da autoridade jamais atuam sociopaticamente.
Portanto, eles são seletivos na eleição de suas vítimas, identificando sujeitos
mais vulneráveis a sua sociopatia ou que mais provavelmente se submetam aos
seus caprichos. Mais que qualquer outro bandido, este psicopata desfruta prazer
em proporcionar sofrimento e ver seus efeitos danosos em suas vítimas.
3 - O Psicopata Dissimulado: seu comportamento se caracteriza por um forte
disfarce de amizade e sociabilidade. Apesar dessa agradável aparência, ele
oculta falta de confiabilidade, tendências impulsivas e profundo ressentimento
e mau humor para com os membros de sua família e pessoas próximas.
Na realidade, didaticamente poderíamos comparar o Psicopata Dissimulado como uma mistura bastante piorada dos transtornos
Borderline e Histérico da Personalidade. Isso significa que ele pleiteia um
estilo de vida socialmente teatral, com persistente busca de atenção e
excitação, permeada por um comportamento muito sedutor.
Por essas características Millon já considerava o Psicopata Dissimulado como uma variante da Personalidade Histriônica,
continuamente tentando satisfazer sua forte necessidade de atenção e aprovação.
Essas características não estão presentes no Psicopata Carente de Princípios ou no Malévolo, os quais centram em si mesmo sua preocupação e
são indiferentes às atitudes e reações dos outros.
Esse subtipo dissimulado costuma exibir entusiasmo
de curta duração pelas coisas da vida, comportamentos imaturos de buscas de
sensações. Seguindo as características básicas e comuns à todos os psicopatas,
o dissimulado também tende a conspirar, mentir, a ter um enfoque astuto para
com a vida social, a ser calculista, insincero e falso. Muito provavelmente ele
não admite a existência de qualquer dificuldade pessoal ou familiar, e exibe um
engenhoso sistema de negações. As dificuldades interpessoais são racionalizadas
e a culpa é sempre projetada sobre terceiros.
A contundente falsidade é a característica
principal deste subtipo. O Psicopata
Dissimulado age com premeditação
e falsidade em todas suas relações, fazendo tudo o que for necessário para
obter exatamente o que querem dos outros. Por outro lado, em diferentemente do Psicopata Carente de Princípios ou do Psicopata Malévolo,
parece desfrutar prazerosamente do jogo da sedução, obtendo excitação nas conquistas.
Mesmo aparentando intenções de proteger certas
pessoas, o Psicopata Dissimulado é frio, calculista e falso, caracterizando mais
ainda um estilo fortemente manipulador. Essa característica pode ser consequência
da convicção íntima de que ninguém poderá amá-lo ou protegê-lo, a menos que
consiga manipular a todos. Apesar de reconhecer que está manipulando seu
entorno social, tenta convencer aos outros de que suas intenções são boas e que
suas atitudes são, no mínimo, bem intencionadas.
Quando as pessoas com esse tipo de psicopatia são
pressionadas ou confrontadas, sentem-se muito encabulados e suas reações
oscilam entre a explosão agressiva e vingança calculista. A característica
afabilidade dos Psicopatas Dissimulados é superficial e extremamente precária, estando
sempre predispostos a depreciarem imediatamente a qualquer um que represente
alguma ameaça à sua hegemonia, chegando mesmo a perderem o controle e
explodirem em cólera.
4 - O Psicopata Ambicioso: perseguem avidamente seus engrandecimentos. Os Psicopatas Ambiciosos sentem que a vida
não lhes tem dado tudo o que merecem, que têm sido privados de seus direitos ao
amor, ao apoio, ou às gratificações materiais. Normalmente acham que os outros
têm recebido mais que eles, e que nunca tiveram oportunidades de uma vida boa.
Portanto, estão motivados por um desejo de
retribuição, de compensar-se pelo que tem sido despojado pelo destino. Através
de atos de roubo ou destruição, se compensam a si mesmos pelo vazio de suas
vidas, sem importar-lhes as violações que cometam à ordem social. Seus atos são
racionalizados através da idéia de que nada fazem senão restaurar um equilíbrio
alterado.
Para os Psicopatas Ambiciosos que estão somente ressentidos, mas que ainda têm
controle minimamente crítico de seus atos, pequenas transgressões e algumas
aquisições são suficientes para aplacar essas motivações. Mas para aqueles que
têm estas características psicopáticas mais desenvolvidas, somente a usurpação
de bens e coisas alheias podem satisfazê-los.
O prazer psicopático nos ambiciosos está baseado
mais em tomar do que em ter. Como a fome que os animais experimentam em relação
à presa, os Psicopatas Ambiciosos têm um enorme impulso para a rapinagem, e
tratam os demais como se fossem peões num tabuleiro de xadrez de poder.
Além de terem pouca consideração pelos efeitos de
sua conduta, sentindo pouca ou nenhuma culpa pelos efeitos de suas ações, como
os demais psicopatas, os ambiciosos nunca chegam a sentir que tem adquirido o
bastante para compensar suas privações. Independentemente de suas conquistas,
permanecem sempre ciumentos e invejosos, agressivos e ambiciosos, exibindo
todas vezes que podem, posses e consumo ostentoso.
A maioria deles é totalmente, centrado em si mesmo,
contribuindo isso para sua comum atitude libertina e em busca de sensações.
Esses psicopatas nunca experimentam um estado de completa satisfação,
sentindo-se não realizados, vazios, desolados, independentemente do êxito que
possam ter obtido. Insaciáveis, estão sempre convencidos de que serão sempre
despojados de seus direitos e desejos.
Ainda que o subtipo ambicioso seja parecido, em
alguns aspectos, ao Psicopata
Carente de Princípios, ele exerce uma
exploração mais ativa e sua motivação central é manifestada através da inveja e
apropriação indevida das posses alheias. O Psicopata Ambicioso experimenta não só um sentimento profundo de vazio,
senão também uma avidez poderosa de amor e reconhecimento que, segundo ele, não
lhe ofereceram na infância.
5 - O Psicopata Explosivo: diferencia-se das outras variantes pela
emergência súbita e imprevista de hostilidade. Estes psicopatas são
caracterizados por fúria incontrolável e ataque a outros, furor este
freqüentemente descarregado sobre membros da própria família. A explosão
agressiva se precipita abruptamente, sem dar tempo de prevenir ou conter.
Sentindo-se frustrados e ameaçados, estes Psicopatas Explosivos respondem de uma maneira volátil, daninha e
mórbida, fascinando aos demais pela brusca forma com que os surpreende.
Desgostosos e frustrados na vida, estas pessoas
perdem o controle e buscam vingança pelos alegados maus tratos a que foram
precocemente submetidos. Em contraste com outros psicopatas, esses não se movem
de maneira sutil e afável. Pelo contrário, seus ataques explodem
incontrolavelmente, quase sempre, sem nenhuma provocação aparente. Esta
qualidade de beligerância súbita, tanto quanto sua fúria desenfreada, distingue
estes psicopatas dos outros subtipos. Muitos são hipersensíveis aos sentimentos
de traição, a ponto de fantasiarem deslealdades o tempo todo.
Fonte:
Ballone GJ, Moura EC - Transtornos da Linhagem Sociopática - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2008.
Ballone GJ, Moura EC - Transtornos da Linhagem Sociopática - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2008.
Postado por: Ana Cláudia Foelkel Simões
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