quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Calcule o Peso das Crianças

Calcule o IMC de crianças acima de 2 anos 

Muitos pais se preocupam com o peso e a estatura de seu filho. Questionam-se se a massa corporal da criança está de acordo com a idade, se a alimentação está adequada, se é necessário o acompanhamento de um pediatra ou mesmo de um nutricionista. Pensando nisso, separei uma dica que irá ajudá-los com essas dúvidas.
O IMC (Índice de Massa Corporal) é uma ferramenta de triagem útil para avaliar o peso de uma pessoa, em relação à sua altura.
No entanto, é possível alguém ter um IMC elevado, devido ao grande volume de massa muscular, e não pelo excesso de gordura corporal.
Assim, o IMC precisa ser interpretado individualmente para cada criança.
Utilize a calculadora para descobrir o índice de massa corporal de seu filho:
Peso ÷ altura x altura
Por exemplo: Uma menina de 10 anos com peso de 40 Kg e altura de 72 cm
40 Kg ÷ 0,72 m x 0,72 m = 77,16
A conta que faremos é Peso ÷ (Altura²)
O IMC desta menina é: 77,16
Obesidade Grau I, deve-se procurar um médico.
Com as taxas de obesidade infantil e de adolescente subindo, o acompanhamento do IMC Infantil a partir de uma idade precoce ajuda os médicos a intervirem a tempo de fazer um impacto positivo sobre a saúde de seu filho. Por isso, é comum que o pediatra calcule o IMC da criança/adolescente a cada ano, geralmente, com o início na infância.
Valores de referência
IMC Baixo para idadeIMC adequado ou EutróficoSobrepesoObesidade
< Percentil 3≥ Percentil 3 e < Percentil 85≥ Percentil 85 e < Percentil 97≥ Percentil 9
Referência:
Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ, organizadores. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseada em evidências. 3a Ed. Porto Alegre: Artmed Editora; 2004.
Fonte: Portal Telessaúde Brasil e BVS APS
Uma iniciativa do Ministério da Saúde e BIREME/OPAS/OMS em parceria com as instituições do Programa Nacional Telessaúde
Postado por: Ana Cláudia Foelkel Simões - Psicóloga
Vivo (11) 97273-3448 e Tim (11) 96829-7684

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Bullying

É exercido por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa.

Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder. 


O bullying se divide em duas categorias:
a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores masculinos, e; 
b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. Em geral, a vítima teme o(a) agressor(a) em razão das ameaças ou mesmo a concretização da violência, física ou sexual, ou a perda dos meios de subsistência.

O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência do bullying entre seus alunos; ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.

As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as “próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade.
As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.

O(s) autor(es) das agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, pertencentes à famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus membros tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda.

No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com alunos de escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. As três cidades brasileiras com maior incidência dessa prática são: Brasília, Belo Horizonte e Curitiba.

Os atos de bullying ferem princípios constitucionais – respeito à dignidade da pessoa humana – e ferem o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. O responsável pelo ato de bullying pode também ser enquadrado no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram dentro do estabelecimento de ensino/trabalho.

Fonte: Brasil Escola

Postado por: Ana Cláudia Foelkel Simões

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Discalculia

O que é Discalculia? - Dificuldade de aprender matemática.
Sinais de “mais”, “menos”, “maior”, subtrair, dividir, cálculo de porcentagem, pode parecer um bicho de sete cabeças? Em alguns casos, o problema não está na criança, e sim nos professores ou na metodologia da escola que não se adapta ao aluno. Muitos estudos mostram que o desenvolvimento da criança em termos quantitativos é adquirido gradativamente. Em outros casos, a dificuldade pode ser apenas da pessoa, tratando-se de um distúrbio conhecido como discalculia, e não de pura preguiça como alguns podem pensar. A discalculia é causada por má formação neurológica, que provoca dificuldade em aprender tudo o que está relacionado a números como: operações matemáticas; dificuldade em entender os conceitos e a aplicação da matemática; seguir sequências; classificar números… É importante esclarecer que, a discalculia não é causada por má escolarização, deficiência mental, déficits visuais ou auditivos ou qualquer ligação com níveis de QI.
A matemática é uma ferramenta essencial em nossas vidas, por isso a importância de diagnosticar a discalculia nos primeiros anos de vida. Quando não reconhecido a tempo, pode dificultar o desenvolvimento da criança, resultando no medo, comportamentos inadequados, agressividade, apatia e até o desinteresse. 
Existem seis subtipos para a discalculia: 
-Verbal: resistência em nomear números, termos e símbolos;
-Léxica: problemas para ler os símbolos matemáticos;
-Practognóstica: dificuldade para enumerar, comparar e/ou manipular objetos ou imagens matemáticas;
-Gráfica: dificuldade em escrever símbolos matemáticos;
-Operacional: resistência para executar operações e cálculo numéricos;
-Ideognóstica: dificuldade para mentalizar as operações e para compreender os conceitos matemáticos.
Para o professor diagnosticar a discalculia em seu aluno, é fundamental observar a trajetória da aprendizagem dele. Ficar atento se, com frequência, os símbolos são escritos incorretamente, se há incapacidade em operar com quantidades numéricas, se não reconhece os sinais das operações. Dificuldade na leitura dos números e em mentalizar as contas também são sinais da dislexia. É importante que o professor realize atividades específicas, sem isolá-lo do restante da turma. É regressivo ao tratamento de discalculia ressaltar as dificuldades, diferenciando o aluno dos demais colegas; mostrar-se impaciente, interromper ou tentar adivinhar o que a criança quer dizer; corrigir o aluno frequentemente diante da turma; ignorá-lo; forçá-lo a fazer as lições quando nervoso por não ter conseguido. Uma dica é propor jogos em sala e usar situações concretas nos problemas matemáticos. 
O psicopedagogo e o psicólogo são indicados ao tratamento da discalculia, que deve ser feito em parceria com a escola e com os familiares. Esses profissionais ajudam com relação à autoestima e valoriza as atividades realizadas. Também vão descobrir o processo de aprendizagem da criança através de instrumentos que irão ajudá-la no entendimento. Os jogos ajudam com as habilidades psicomotoras e espaciais, na contagem.
Já um neurologista irá confirmar, através de exames, a dificuldade específica do paciente, e encaminhá-lo para o tratamento ideal. É importante detectar as áreas do cérebro afetadas. A maioria das crianças pode não gostar de contas, achar chata e difícil. Mas é importante diferenciar a inadaptação do aluno ao ensino da escola, ou ao professor, do distúrbio que provoca dificuldade com os números. 
Caso a pessoa esteja se desenvolvendo normalmente em outras disciplinas, procure um especialista que possa tirar a dúvida e, dependendo, começar o tratamento, pois, quanto antes for descoberto, menor o prejuízo para a criança e melhor ela se adaptará com as questões do cotidiano, relacionamento, autoconfiança, poder de decisão.
Fonte: www.centropsicopedagogicoapoio.com.br
Postado por: Ana Claudia Foelkel Simões
Psicóloga e Terapeuta
(11) 972733-3448

Dislalia

O que é Dislalia ? - Um distúrbio na fala. 

O personagem de Maurício de Sousa, o Cebolinha, conhecido por trocar a letra “R” por “L”, além de roubar o coelhinho da Mônica. Esse é um caso clássico de Dislalia, um distúrbio de fala, caracterizado pela dificuldade em articular as palavras e pela má pronunciação, seja omitindo, acrescentando, trocando ou distorcendo os fonemas. 
Podemos citar alguns casos: a troca de “bola” por “póla”; de “porta” por “poita”; de “preto” por “peto”; de “tomei” por “omei”; de “barata” por “balata”; de “atlântico” por “atelântico”. 
Outro exemplo comum envolve a pronuncia do “K” e do “G”: “ato” ao invés de “gato”; “ma a o” no lugar de “macaco”. 

As trocas mais comuns são:
- P por B;
- F por V;
- T por D;
- R por L;
- F por S;
- J por Z;
- X por S.
Até os quatro anos, o erro em pronunciar as palavras é considerado normal, mas, após essa idade, continuar falando mal pode acarretar sérios problemas, inclusive na escrita. Uma opção é fazer o trabalho preventivo à alfabetização, evitando dificuldades escolares. Possivelmente ocorra a estimulação do distúrbio caso a criança use chupeta, mame mamadeira ou chupe dedo por tempo prolongado, causando flacidez muscular e postura indevida da língua.
Vale ressaltar algumas dicas para não ajudar a desenvolver esse distúrbio. Em muitos casos, os tios, avós, pais, enfim, acham graça quando a criança fala de forma errada como “biito” (bonito), “tebisão” (televisão), “Tota-Tola” (Coca-cola)… Mas é importante não achar fofo e sempre corrigi-la. Falar certo diante da criança, para que ela cresça sabendo e se habituando ao correto. O professor deve articular bem a palavra, fazendo com que os fonemas estejam claros. Ao perceber em sala de aula que um determinado aluno não está pronunciando bem, deve procurar os pais e comunicá-los. E, como a fala é um ato motor elaborado, troque informações com os professores de educação física, que observam melhor o desenvolvimento psicomotor do aluno. O professor deve tomar muito cuidado na hora da correção, para o aluno não se sentir inferiorizado, por isso a necessidade e importância do fonoaudiólogo no tratamento. 
Dislalia está subdividida em quatro tipos:
-  Evolutiva: considerada normal em crianças e corrigida gradativamente durante o desenvolvimento;
- Funcional: quando ocorre a substituição ou eliminação das letras durante a fala e/ou distorção do som;
- Audiógena: acontece em indivíduos com deficiência auditiva, pois não consegue imitar os sons.
- Orgânica: ocorre em casos de lesão no encéfalo, o que impossibilita a pronuncia correta, ou quando há alteração na boca.
Cada caso exige um procedimento particular para o tratamento da dislalia, mas o trabalho do fonoaudiólogo sobre a falha e dificuldade é indiscutível.  A criança será trabalhada e estimulada para desenvolver algumas competências como a sensação e a capacidade de sentir os sons; percepção, ou seja, a aptidão para reconhecer o som; e a elaboração, que é a capacidade de reflexão sobre os sons percebidos. A partir daí, falamos da autoconfiança, bom relacionamento, crescimento pessoal… Acredite! A dislalia tem tratamento, e, para isso, uma equipe interdisciplinar de profissionais baseado em psicopedagogo, fonoaudiólogo, psicólogo entre outros, tem muita importância para o resultado positivo.
Fonte: www.centropsicopedagocicoapoio.com.br
Postado por: Ana Claudia Foelkel Simões

Dislexia em Adultos

EVOLUÇÃO E CONSEQUÊNCIAS: 


Fala-se muito mais sobre dislexia hoje que há alguns poucos anos. 
O conhecimento atual evoluiu, sobretudo com as descobertas das neurociências sobre como se dá a aquisição da leitura e escrita e sobre as funções cerebrais durante a leitura. Através das neuroimagens, hoje sabemos como se processam as rotas neurais do disléxico.
Durante a leitura e no que se diferenciam do leitor comum. Os dados clínicos que dispomos sobre o disléxico, acompanhados da infância até a idade adulta, demonstram um quadro de evolução dos sinais da dislexia ao longo da vida do portador. Essa evolução ocorre porque embora alguns déficits fonológicos e visuais permaneçam, o disléxico é dotado de inteligência normal ou superior - e frequentemente desenvolve estratégias compensatórias em seu processo de aprendizagem, ainda que lide com algumas limitações.


Um adulto inteligente com dificuldades de leitura convive com uma discrepância bastante significativa entre sua potencialidade e esforço, em detrimento dos resultados escolares obtidos ao longo de sua vida acadêmica, além de prejuízos em sua formação como um todo, decorrendo em sérios comprometimentos em sua vida pessoal, emociona e profissional.
Um quadro de dislexia no adulto costuma ser identificado através da anamnese. Sua história denota sinais indicadores do transtorno desde a fase pré- escolar, tais como atraso na aquisição da fala, trocas orais e/ou migrações de letras não esperadas pela faixa etária. Também são comuns dificuldades para nomear objetos, vocabulário pobre, dificuldade para aprender brincadeiras e cantigas infantis, principalmente quando evolvem rimas e aliterações.
É comum entre as crianças disléxicas o uso que fazem de palavras substitutas ou imprecisas, bem como confusão no uso de palavras que indicam direcionamento (dentro, fora, etc.). Apresentam-se, por outro lado, extremamente inteligentes, criativos e com aptidão para desmontar e construir brinquedos. Outro dado fundamental a ser rastreado é se os antecedentes familiares deflagraram dificuldades escolares ao longo de suas vidas acadêmicas, uma vez que já está comprovada a influência genética do distúrbio.
Na fase escolar, da primeira à quinta série, observam-se sinais mais claros e sugestivos da dislexia, como lentidão para aprender a ler ou mesmo dificuldades para acompanhar o início da escrita. Eles denotam dificuldades para memorizar o traçado das letras, não conseguem relacioná-las a contento com suas representações sonoras, decorrendo em trocas visuais (a/e/o, m/n/w, d/b, q/g) e auditivas (f/v, d/t, ch/j, b/p), em migrações de letras ou sílabas (“secada”/escada) não esperadas pela idade e série. 
Apresentam dificuldades para soletrar as palavras e demonstram dificuldade acentuada para perceber a sílaba tônica das mesmas. Nota-se o esforço para a leitura da palavra isolada e principalmente de pseudopalavras (palavras inventadas), a pronúncia dificultosa de partes das palavras, bem como dificuldade para decorar as pronúncias e os significados de palavras novas ou não frequentes, o que os obriga à exaustiva repetição para decodificar e acessar o som e o significado das palavras.
Como se vê, há um padrão de evidências básicas que denotam deficiências no déficit fonológico, além de questões de ineficiências relativas aos aspectos do processamento visual, que são fundamentais para a aquisição das habilidades da leitura e escrita. Esse padrão pontuado pelo portador da dislexia no decorrer de sua vida acaba se evidenciando ao longo das avaliações fonoaudiológica, psicopedagógica e neuropsicológica. Devemos ter em mente, entretanto que todo indivíduo possui suas especificidades, o que também se aplica aos seus processos individuais de aprendizagem.
Os sinais se modificam a partir da sexta série, na medida em que o aluno tendo a automatizar a decodificação da leitura e a codificação da escrita, mas sempre de forma mais custosa e lenta que seus colegas. A ineficiência na leitura neste período é mais evidente no quesito compreensão: o disléxico se queixa de não entender o que lê, apresentando dificuldades para acompanhar sua classe, por lhe faltarem as ferramentas básicas para edificar sua educação formal, para desenvolver suas competências cognitivas.


A partir daí, o processo tende a se agravar continuamente, em um círculo vicioso. Como não possui o hábito de ler, sobretudo pela dificuldade de compreensão, seu vocabulário tende a ser escasso, seu arquivo pessoal de conhecimentos pobre e o portador de dislexia se limita cada vez mais à produção de textos, em um esforço natural para evitar o confronto com suas dificuldades e as críticas de pais, colegas e professores.
O adulto disléxico, do ensino médio até os bancos universitários, continuará desempenhando uma leitura mais lenta como sintoma principal, denotando uma automatização sim, mas não suficiente para a demanda da sua faixa etária e acadêmica. Apresentará real dificuldade para compreender o conteúdo lido, necessitando de várias leituras do mesmo texto ou que leiam para ele para entendê-lo.
A leitura oral tende a adquirir mais fluência, embora com entonação deficitária, sobretudo na prosódia e nas modulações. Apresentam pausas pela decodificação de palavras menos usuais, muito embora, exceto casos mais graves, já não se evidenciem as trocas severas da infância e adolescência. Hoje se sabe que o adulto disléxico não adquire a estratégia do “bom leitor”: a leitura interativa, que se apoia no significado do conteúdo expresso que o possibilitaria ler fazendo antecipações e verificações de hipóteses, dispondo de autorregulação mediada.
A lentidão decorre do fato de não ter o processo automatizado e por utilizar rotas neurais diferentes do leitor comum, que demandam tempo e esforço maior para atingir o mesmo objetivo. A compreensão normalmente ocorre pela ineficiência da leitura oral ou pelos problemas secundários adquiridos pela própria falta do hábito de leitura: a pobreza de vocabulário, pouco arquivo pessoal e pela ineficiente evolução do raciocínio crítico e interpretativo.
Na escrita, o disléxico adulto demonstra aquisição do código, mas possui dificuldades para se expressar adequadamente através desse código. Redigir é uma tarefa árdua, em que se sobressaem deficiência na utilização da linguagem formal que a vida adulta exige, tais como textos exíguos e muitas vezes pueris. O manejo formal é insatisfatório, não há alinhamento de margens, paragrafação e pontuação adequada. A ortografia é deficiente ao grafar palavras menos frequentes e que requerem múltiplas associações, apresentando trocas pedagógicas como s/c/ ss; c/ç; s/sc; ch/x; j/g etc.
Este é o panorama do quadro do disléxico adulto. Ele contará sobre um histórico de leitura e escrita sempre árduo e deficiente, sobre dificuldades escolares que vão se acumulando ao longo de sua vida, sobre aulas particulares que não supriram suas deficiências. Contará sobre resultados insatisfatórios em relação ao seu potencial e esforço, sobre recuperações, mudanças de escola, repetições de ano e até mesmo a evasão escolar.
É cotidiano, o relato dos adultos sobre suas frustrações nos bancos escolares. Sobre quantas vezes o disléxico se escondeu para o professor não chamá-lo a ler em voz alta na classe. Sensibilizamo-nos ao saber das experiências traumatizantes pelas quais passaram e ainda passam, não apenas na escola, mas também família e sociedade. O “bullying” e a identidade frágil que constrói a partir do olhar do outro.
Renato, 29 anos, portador de dislexia severa, conta que passou por diversos profissionais, pois manifestava desde o início de seu processo escolar dificuldades para ser alfabetizado, mas nunca foi aventada a hipótese de dislexia. Somente aos 27 anos veio saber o nome do seu problema. Descreve que sofreu muito e que conseguiu com muita ajuda e dificuldade, depois de várias recuperações e reprovações, concluir o ensino fundamental. A seguir, depois de muitas tentativas frustradas, tratamentos inadequados e mudanças de escola abandonaram os estudos no início do ensino médio – muito embora fosse plenamente capacitado para graduação e para dar continuidade a sua vida acadêmica.
Assim, os disléxicos adultos acabam por desenvolver problemas secundários muito mais graves que a própria dislexia. São privados de ampliarem seu potencial, de obterem formação acadêmica, caso fossem tratados através de intervenção psicopedagógica e beneficiados com métodos adequados na escola. Esta situação ainda ocorre em nossa sociedade, apesar de todo o conhecimento de que dispomos.
Ainda hoje, os testes de linguagem, de leitura e de escrita, utilizados para a avaliação da dislexia nem sempre respeitam a evolução dos sinais indicativos e, consequentemente, podem falhar no diagnóstico do adulto. A maioria das avaliações é realizada através de testes para crianças, que não dispõe de recursos para a perfeita identificação das dificuldades que os jovens e adultos apresentam.
Além disto, os profissionais nem sempre identificam as habilidades manifestas dos adultos disléxicos, tais como sua capacidade criativa e sua possibilidade em áreas que utilizam raciocínio lógico, tais como ciências exatas, desenho, fotografia, propaganda e marketing, informática, paisagismo, dentre tantas outras aptidões.
Não identificar as habilidades dos jovens disléxicos decorrerá em limitações e impedimentos em sua orientação vocacional, em seu preparo acadêmico e na busca de seu caminho para atuar no mercado de trabalho e na sociedade, sem dizer dos prejuízos emocionais que farão parte de toda a sua existência.

Fonte: www.abcdislexia.com.br

Postado por: Ana Cláudia Foelkel Simões