sexta-feira, 28 de junho de 2013

ORIENTAÇÃO AOS PAIS

Meu filho está com dificuldades, o que posso fazer pra ajudar?

Esta é a pergunta mais comum entre pais de crianças que apresentam dificuldades na escola. A primeira coisa a se pensar é que não existe um manual de instruções para a criança. O que é importante saber é que o jeito da criança agir com determinadas coisas é aprendido em suas interações; e, portanto, é possível criar um ambiente que estimule seus estudos e desenvolvimento pessoal.


Aqui vão algumas dicas de Zoega et. all. (2004) sobre como fazê-lo:

1º Está claro, para seu filho, quais são seus direitos e deveres? É importante que exista clareza sobre o que são os direitos e deveres de seu filho. Seus direitos são conquistados à medida que cumpre seus deveres, e devem ser respeitados pelos pais.

2º O seu filho possui uma rotina de estudos organizada? É importante que os horários da criança sejam bem organizados e que sua rotina de estudos seja respeitada. Cada tipo de atividade deve ter um horário, e a criança rende mais se estudar antes de se cansar com outras atividades.

3º Existe clareza sobre quais são os limites da criança? É importante que ela aprenda que regras são para serem seguidas, e que o não seguimento, tem como consequência a perda de alguns direitos (como assistir TV, por exemplo). À medida que a criança cresce é importante que ela possa participar do estabelecimento destas regras, o que contribui para desenvolvimento de sua responsabilidade.

4º Você acompanha seu filho em suas atividades? É importante que os pais acompanhem os filhos em suas tarefas, mas sem criar um clima de pressão ou cobrança, mas de incentivo e valorização pelo que ele faz. Se for ajudar, é importante que não fale por ele, mas apenas ajude.

5º Você dá autonomia a seu filho sem deixar de cuidar dele? O incentivo à independência é importante para que a criança torne-se uma pessoa responsável mais tarde. Essa independência deve ser fornecida aos poucos, dosando proteção e autonomia.
6º Você o ajuda a ter um contexto adequado aos estudos? Com mesa e cadeira confortável, poucos movimentos ou barulhos que possam tirar sua atenção, sem fome, sede calor ou frio.

7º Você estabelece interações positivas com seu filho? Embora castigar faça com que, naquele momento, a criança deixe de comportar-se inadequadamente, isto não a ensina a conduta correta. E longe do risco do castigo, se o contexto favorecer, ela voltará a comportar-se inadequadamente. É mais proveitoso que os pais valorizem como puderem o que ela faz de adequado, por mais que esteja apenas cumprindo seu dever. Esse comportamento valorizado tenderá a ocorrer mais vezes.

8º Você demonstra afeto pelo seu filho? Muitos pais não o fazem por não terem tempo, ou tentam suprir com presentes ou coisas do tipo. Se os pais são sempre afetuosos com os filhos é bem mais fácil fazê-los seguir regras com boa vontade. Eles farão o que o pai quer por gostar dele, e não por temê-lo.

9º E você, cumpre com seus deveres? A criança aprende muito mais vendo do que ouvindo. Se o pai cobra dela que ela cumpra regras, compromissos e deveres, mas ele próprio não cumpre dificilmente a criança o fará.

10º Você conversa com seu filho? Apenas interroga, ou simplesmente não conversa? É importante que os pais mostrem-se dispostos a ouvir e ENTENDER o filho. Isto ajuda a encontrar a solução para a maioria dos problemas. Um interrogatório, no entanto, onde apenas o pai pergunta e o filho responde, piora a situação. Dar sermões também diminui as chances de que a criança fale. Coloque-se no lugar da criança.

11º Ajude-a a pensar no que aprende. Ou pelo menos ajudar a criança a encontrar aplicabilidade naquilo que aprende. Conversar com ela sobre o que ela estuda pode ser interessante.

12º Incentive o brincar. Uma criança que brinca tem melhor qualidade de vida, menos estresse e, consequentemente, melhor rendimento.

13º Você se interessa pela vida de seu filho? É importante que seja demonstrado interesse pela vida do filho como um todo, e não apenas pelos resultados que ele apresenta na escola. Isso faz com que a criança sinta-se mais valorizada e, por consequência, se esforce mais.




Já parou pra pensar sobre como é que o seu filho aprende?
Muita gente com certeza diria que não.

A aprendizagem é um processo que, pode-se dizer, inicia-se de fora pra dentro. A criança nasce com um conjunto de características físicas e comportamentais que são comuns a todos os outros seres humanos, e é a partir destas características que ela inicia a sua interação com o mundo.
A criança, a princípio, possui apenas movimentos aleatórios. À medida que ela vai experimentando o meio que a cerca, estes movimentos vão gerando certas consequências que, ao se associarem ao contexto no qual ocorrem, passam a controlar as suas ações. Por exemplo: um bebê recém-nascido move aleatoriamente o braço. Um belo dia descobre que movendo em certa direção, terá como consequência bater no móbile e fazer um som. Ela aprende então que, na presença do móbile, aquele movimento tem como consequência o “som”, aprendendo, deste modo, a extrair o som do móbile. Se não houvesse a consequência (som), ela não aprenderia a bater no móbile.

A mesma coisa acontece com a maioria dos outros comportamentos da criança. O estudar, por exemplo, o que tem como consequência? O reconhecimento dos pais? Mais horas, para se divertir a tarde? O direito de jogar vídeo-game? Sim, para que a criança aprenda a estudar, este comportamento precisa ter consequências agradáveis para ela. Esta consequência tem, necessariamente, que ser algo do interesse da criança; ou seja, algo que ela goste.

Um detalhe importante é que estas consequências devem ser imediatas; isto é, quanto menor o intervalo de tempo entre o momento em que a criança comportou-se adequadamente e o momento em que a consequência foi apresentada, maiores são as chances daquele comportamento, ser aprendido.

Parece artificial? Sim, mas até que a criança de fato tenha aprendido a estudar, dificilmente este comportamento irá gerar consequências naturais que exerçam controle sobre ele. Com o tempo, o próprio estudar tornar-se-á prazeroso para ela, mas até então, é necessário que os pais contribuam deste modo.

Encarar o “estudar” como nada mais do que uma obrigação da criança é um erro. Embora os pais pensem assim, é bobagem querer impor isto ao filho. Pelo contrário, se os pais associarem o “estudar” com broncas, imposição, brigas ou coisas do gênero, estarão apenas contribuindo para que a criança goste cada vez menos de estudar.

Se a aprendizagem da criança ocorre assim, de acordo com as consequências que seu comportamento gera no ambiente, culpar por não aprender, é, então, apenas fugir da própria responsabilidade. Como dito antes, é certo que nenhuma criança nasce com manual de instruções, mas é possível aprender a lidar com ela e programar condições para que ela desenvolva o gosto e o hábito de estudar.



Por: E.C. de Almeida Neto

Postado por Ana Cláudia Foelkel Simões

CRIANÇA DORMINDO NA CAMA DOS PAIS E COM OS PAIS

Lugar de criança dormir é no quarto e na cama (dela!)


Algo muito comum nas famílias com filhos é o fato de estes dormirem junto aos pais. Geralmente esse hábito se inicia após o nascimento, quando o bebê precisa de monitoramento mais próximo, sobretudo no período noturno. No entanto, não é incomum esse hábito se estender a outras fases do desenvolvimento, como a adolescência. Independente do lugar em que os filhos dormem – se na mesma cama ou no mesmo quarto dos pais – há um consenso a respeito da dificuldade em que os adultos enfrentam em fazê-los dormirem sozinhos, que muitas vezes é proporcional ao tempo em que dormem sob a companhia dos pais.


De fato, é extremamente prazeroso ter um filho por perto, sobretudo se este for um bebê. Dormir junto com uma criança é tido como um dos grandes prazeres dos pais: é algo pequenino, inocente, cheiroso e macio, algo por quem se nutre um grande afeto, um ser que traz consigo não só os genes, mas a história do casal. Fazê-lo permanecer por perto é desfrutar de tal prazer continuamente, ali, diante dos olhos e ao alcance das mãos.
Analisando melhor a situação, pode-se perceber que pernoitar com filhos tem outras funções. Agindo assim, é possível reduzir o tempo do choro noturno – ávido pela amamentação ou por colo materno diante de um pesadelo – diminuir o esforço físico de se levantar e de se dirigir até o filho (enfrentando calor ou frio), além de se evitar o desgaste em lidar com a (suposta) resistência da criança em ficar longe dos pais e vice-versa.
Ao passo disso, é possível afirmar que a criança também sente prazer ao lado dos pais: há o conforto da companhia, a segurança que lhe é sentida (que muitas vezes afasta medos infantis), o próprio contato – que muitas vezes lhe falta durante o dia – também são fatores extremamente satisfatórios para ela.
Embora tal contexto traga várias consequências “positivas” para todos os envolvidos, podem ocorrer diversas complicações no desenvolvimento e à adequação infantis. Muitas vezes, quando a criança cresce, os pais tentam colocá-la de volta ao seu quarto e, diante de sua resistência, permitem que ela durma em suas companhias mais uma vez. Esta inconsistência dos limites, que não ocorre de forma contínua, faz a criança entender que sempre há uma possibilidade de permanecer junto a eles. Não é incomum, também, encontrar crianças que tem seu sono perturbado por pesadelos ou por imagens de terror no próprio quarto, situações que favorecem a busca infantil pelo colo paterno na madrugada.
Verificar apenas o comportamento de dormir junto aos pais, na verdade, é algo muito limitado. É possível constatar que este comportamento é apenas um que se manifesta no padrão de dependência. Pais que não se sentem confiantes em deixar suas crianças por um momento longe de seus olhos muitas vezes são aqueles que podem proteger em demasia a ponto de provocar um atrofiamento do repertório de habilidades sociais e das atividades diárias. À medida que a criança cresce, ela desenvolve autonomia em suas ações rotineiras (comer, vestir-se e se limpar, por exemplo); então, nada mais natural que também gerar maturidade ao pernoitar sem a presença dos pais ou cuidadores.
Além disso, também existem implicações para a intimidade do casal. Caso os cônjuges estejam privados de afeto e de sexo ao longo do dia, muito provavelmente o momento de dormir seja aquele em que se dará a intimidade sexual. Assim, como os cônjuges farão para preservar este momento, sem que ele possa ser presenciado por outra pessoa? Na cama, é importante que o casal seja visto como tal, não essencialmente enquanto pais. A intimidade do casal precisa ser reservada e, de certa forma, a presença de crianças pode colocar isso a perder. É de se supor, também, que a manutenção do filho junto aos pais durante o pernoite possa ser visto como uma justificativa e uma barreira para a intimidade em casais que não estão bem. 

Cabe destacar que também se observa que a ausência do cônjuge torna mais propícia a companhia do filho na cama. Em casos de viuvez ou de separação, ter a prole por perto pode trazer conforto e ameniza a solidão. No entanto, simbolicamente faz a criança ocupar um espaço que não lhe pertence exatamente, fato que ficará mais claro quando o cônjuge solitário for se unir a outra pessoa. Este pode resistir em constituir outra família em virtude da criança que dorme consigo, com receio de magoá-la ou para evitar resistências quanto a dormir em outro local.
Existem algumas orientações que são válidas neste momento. A primeira delas diz respeito ao período em que crianças podem dormir sozinhas. Acredita-se que aos 6 (seis) meses ela pode dormir sozinha, sob monitoramento noturno dos pais quanto à amamentação e bem-estar geral (temperatura, conforto e segurança). Recomenda-se que os pais se revezem nesta tarefa, para minimizar o efeito aversivo do deslocamento até o quarto do filho e dos cuidados noturnos.
Cabe destacar que o momento de dormir deve ser prazeroso para pais e filhos. Pode-se contar histórias, cantar, ouvir juntos cantigas de ninar, conversar sobre o dia ou sobre um assunto específico. O ideal é que isso seja circunscrito no ambiente natural da criança, ou seja, no seu próprio quarto, ao invés de se iniciar no quarto do casal e terminar com os pais conduzindo a criança, já adormecida, ao seu aposento.
Também é válido organizar a rotina e o ambiente para criar contextos favoráveis ao sono solitário. Assim, estipular um horário para a criança dormir e fazer o restante da casa adormecer (por exemplo, desligar aparelhos eletrônicos e luzes dos aposentos, diminuir o movimento na casa, entre outros), assim como eliminar estímulos de distrações dentro do quarto infantil (como desligar as luzes, deixar a porta entreaberta ou proporcionar uma penumbra através do abajur) são dicas salutares que tendem a um bom resultado.
Outra dica se refere ao afastamento gradual [1] dos pais enquanto se ensina a criança a dormir sozinha. Por exemplo, no início do processo, os pais podem permanecer deitados sob a cama, junto do filho, saindo de lá quando a criança adormecer. Após alguns dias agindo assim, quando os pais perceberem que podem se afastar mais, ao invés de ficarem deitados, podem ficar sentados, interagindo com a criança. Diante de sucessivos episódios, podem ficar no quarto do filho em pé e também se direcionando gradativamente cada vez mais para o rumo da porta, até as suas completas saídas.
Como já dito exaustivamente aqui no blog [2], é importante que, uma vez estabelecidos os limites, os pais possam sustentá-los mesmo que o filho venha a resistir. Obviamente, existem exceções que precisam ser avaliadas com cautela, como uma doença, medo ocasional por algum evento específico (como falecimento de alguém) ou mal-estar súbito, casos em que seria necessário avaliar a pertinência de a regra ser mantida. Caso seja relevante suspender a regra momentaneamente, deve-se explicar à criança por qual motivo ela foi burlada, limitando a concessão a este episódio específico. 


Diante de limites, é natural haver resistência da criança em aceitá-los. Ela, provavelmente, desafiará através da birra ou dos insistentes pedidos em dormir com os pais pelo medo de ficar sozinho. Deve-se verificar a função destes comportamentos: algumas vezes eles podem ser emitidos apenas com a finalidade de permanecer junto aos pais. Caso haja verbalizações da criança quanto a ficar sozinho e ver/ouvir coisas, uma boa alternativa é verificar, junto com o infante, a veracidade desses fatos: ir ao quarto junto com ela e buscar evidências (debaixo da cama, no armário, dentro das gavetas, entre outros) de que tal situação não procede, assegurando que a criança está em segurança e que os pais podem ficar com ela (no quarto dela) até que adormeça novamente.
É possível que quando houver mudança de casa ou quarto (como em viagens, por exemplo) a criança volte a apresentar tais padrões. É importante dizer que, mesmo nesses casos específicos, a conduta deve ser a mesma: permanecer com a criança no novo ambiente, favorecendo a sua adaptação e esvanecendo aos poucos a presença dos pais. Recomenda-se também que os pais reconheçam cada conquista da criança, demonstrando satisfação quanto à sua superação do medo (“estou feliz por você!”), atribuindo-lhe um prêmio simbólico pela superação (“troféu coragem” ou similar).
No cotidiano verifica-se o quanto o ser humano tende a evitar situações que exigem um esforço (e um desgaste) na resolução de problemas, sobretudo quando as consequências são aversivas. Apesar de parecer a princípio que o comodismo é mais válido nesse caso, na verdade é mais fácil e saudável o adulto quebrar a sua zona de conforto agora do que ensinar a criança dormir no seu próprio quarto, quando esta já estiver maior e com o padrão mais cristalizado.


[1] Esvanecimento, ou Fading, trata-se de um procedimento psicológico em que um comportamento que ocorre em uma situação também passa a ser emitido em outra situação a partir da mudança gradual do estímulo, da primeira para a segunda ocasião (LUNDIN, 1977). Assim, no exemplo em questão, o objetivo do esvanecimento é fazer com que as crianças passem a dormir a partir da presença e proximidade cada vez menor dos pais.
[2] Confira aqui o texto “Ele é o rei da casa. Adivinha quem são os súditos?”, publicado em julho de 2012 no blog.

Fonte: InPA - Instituto de Psicologia Aplicada

Postado por: Ana Cláudia Foelkel Simões

TIMIDEZ INFANTIL

O termo timidez tecnicamente é chamado de retraimento social, mas também várias outras denominações, como inibição e introversão. Neste texto, estes termos serão utilizados sem distinção de significados.

A timidez  ilustra um padrão de comportamento caracterizado por déficit de relações interpessoais e uma tendência estável e acentuada de fuga ou evitação do contato social com outras pessoas. Este padrão abrange pessoas de todas as idades, muitas vezes iniciando na própria infância. Porém, surpreendentemente recebe atenção insuficiente das famílias, da escola e dos profissionais que trabalham com o público infantil. E nesse caso, nem sempre o tempo se encarrega da reversão do quadro: muitos adultos tímidos já foram crianças socialmente inibidas. Mas afinal, o que é a timidez, quais as medidas preventivas e em que consiste o tratamento? São as questões que serão respondidas neste texto.
Tecnicamente, a timidez está categorizada no âmbito dos comportamentos internos, ou seja, comportamentos inadequados que se expressam “para dentro”, tendo como destinatário o próprio sujeito que o emite. A outra categoria, que abrange comportamentos que se expressam para fora (como agressividade, por exemplo), tem como destinatários os demais e, portanto, se torna mais visível aos olhos por perturbar e alterar o meio onde são produzidos.

No contexto escolar, ambiente onde alunos com menos agitação motora e que produzem menos barulho são desejáveis para o bom andamento das aulas, as crianças tímidas são muitas vezes elogiadas pelo seu comportamento retraído. Na família, também é possível verificar pais ou avós se vangloriando por terem filhos bem comportados, que não mexem nos pertences alheios ou que não fazem travessuras.
Como se pode perceber, a timidez enquanto comportamento interno não chama muito a atenção dos demais, visto que o prejudicado é o próprio indivíduo. No entanto, quando o embaraço diante de uma exposição se faz visível aos olhos (como quando uma criança é levada ao quadro para resolver uma tarefa ou quando precisa fazer uma leitura em voz alta perante um público) é que se tem uma dimensão da profundidade do problema. Porém, o alvo do prejuízo comportamental (se o próprio sujeito ou outras pessoas) não determina a gravidade da perturbação. Ou seja, os comportamentos internos não são menos importantes ou menos danosos que os demais: estes também precisam de intervenção profissional para que haja melhor desempenho social e qualidade de vida.
Na Psicologia, o grau de dificuldade relacional pode ser classificado de acordo com a motivação para a aproximação e a evitação. Quanto a isso, existem as classificações: baixa sociabilidade, baixa aceitação social, a timidez propriamente dita e o estilo de relação passivo ou inibido.
Refere-se à baixa sociabilidade quando se trata de crianças que tem uma baixa motivação de aproximação social; porém, não há necessariamente um alto grau de evitação. São aquelas crianças que preferem estar sozinhas ao invés de acompanhadas. Não há a presença de ansiedade social e, quando exposta a grupos, a pessoa costuma apresentar bom desempenho nas conversações. Nos primeiros anos da infância, uma baixa sociabilidade não costuma ser desadaptativa. No entanto, em fases posteriores, esta baixa sociabilidade é apontada como um risco.
Quando há uma baixa frequência de interação social motivada por uma baixa aceitação dos demais, sendo excluídas e/ou esquecidas pelos colegas, tem-se o retraimento por baixa aceitação social. Algo que chama a atenção é que crianças rejeitadas são mais vulneráveis a problemas exteriorizados (como agressão, impulsividades, entre outros), acarretando um risco significativo ao desenvolvimento infantil e à sociedade. 


Por outro lado, a timidez propriamente dita envolve aquelas crianças que estão motivadas à aproximação, mas também à evitação. Ou seja, elas gostariam de interagir com os outros, mas acabam evitando o contato por determinadas razões, como o excesso de cautela e receio diante de avaliações e desaprovações.
Existe também a categoria de timidez referente ao estilo passivo nas relações interpessoais. Para tanto, é mister abordar a assertividade, termo que se refere à expressão direta dos próprios sentimentos e a defesa dos próprios direitos pessoais, sem ferir ou negar os direitos dos outros. Neste âmbito, observa-se que as pessoas tímidas costumam agir de forma passiva nas relações interpessoais. Ou seja, há a violação de seus próprios direitos pela dificuldade ou impossibilidade de expressar sentimentos, pensamentos e opiniões. Assim, a pessoa se anula perante os outros, mesmo tendo o direito de se posicionar e de se mostrar aos demais.
Uma pessoa passiva, portanto, é uma pessoa dita inibida, introvertida, que muitas vezes se frustra por não conseguir atingir seus objetivos. Sem expressão, os outros se adiantam em resolver seus problemas ou a decidir por elas. Temendo deteriorar a relação com os outros (ou de ser mal compreendida), adota comportamentos de submissão, esperando que as outras pessoas percebam suas próprias necessidades e anseios. Como se pode observar, este tipo de comportamento tem como objetivo apaziguar os outros e evitar conflitos. Assim, esquivar ou fugir dessas situações é muito cômodo, o que favorece a manutenção do quadro.
Acompanhando estas linhas, o leitor pode constatar que crianças passivas são facilmente presas de pessoas mal intencionadas, havendo risco de serem avassaladas ou ameaçadas pela ausência ou deficiência da expressão. Assim, poderão ser manipuladas e controladas pelos demais e não defenderão seus próprios direitos e anseios. Ou seja, poderão aceitar brincar de um jogo que na verdade não gostam, comportar-se em discordância com seus valores e opiniões para evitarem a exclusão social, entre outros exemplos.

Dessa forma, a timidez pode ser constatada a partir da observação e da comparação com os demais colegas. Por exemplo, os tímidos costumam se manter mais quietos em comparação aos outros colegas, não tiram dúvidas em sala de aula, não começam nem mantém diálogos com os demais, passeiam sem cumprimentar os transeuntes (geralmente, evitando-se com postura de olhar para baixo), em atividades grupais costumam ficar calados e acatarem as opiniões dos demais. Ficam mais solitárias e, quando não, interagem bem menos do que seria possível.
Muitas vezes, tais comportamentos são acompanhados de níveis significativos de ansiedade, medo, preocupações e pensamentos negativos diante de contextos interpessoais que impliquem avaliação dos demais (como ler em voz alta, resolver um problema no quadro, fazer uma apresentação na feira de ciências, por exemplo). Com a ansiedade, pode haver tremores, suor nas extremidades, gaguejos, rubor, náuseas ou calafrios. Assim, com estas sensações aversivas, muitas vezes a criança pode evitar o contato social e seus efeitos colaterais, assim como a exposição e as avaliações sociais. Ao passo disso, a timidez afeta também o autoconceito, a autoestima e o senso de eficácia.
Manifestando-se na infância, mas sem reversão do quadro, as dificuldades são passadas para as fases posteriores do desenvolvimento, muitas vezes mais graves. Já na fase adulta, as então crianças tímidas provavelmente terão dificuldades com autoestima, no mercado de trabalho e também no âmbito afetivo-sexual. Sem posicionarem-se adequadamente, aceitarão o que de fato não querem (como uma relação afetiva sem perspectivas), submeter-se-ão a situações aversivas por não conseguirem resolver problemas (como a um chefe coercitivo, por exemplo), assim como também poderão ter dificuldades em fazer amizades.
Como qualquer outro comportamento, o critério para que um padrão seja considerado um problema é haver prejuízo em algum âmbito da vida. Assim, se a timidez passa de um “charme” ou uma maneira reservada de interagir para algo que prejudica a socialização e/ou o desempenho acadêmico, recomenda-se procurar ajuda profissional. Dessa forma, evita-se o agravamento do quadro para Fobia Social e também para prejudica as outras fases do desenvolvimento.

A título de ilustração, algumas medidas recomendadas para abordagem de retraimento social são as práticas desportivas e as atividades artísticas. Por exemplo, o teatro desenvolve a expressão corporal, emocional e a fluência verbal através da exposição. No âmbito de tratamento, nas terapias comportamentais existem técnicas que aprimoram o repertório social, ao mesmo tempo em que são trabalhados os comportamentos privados (pensamentos) e as emoções, como a ansiedade. Alguns exemplos são o Treino de Habilidades Sociais e os exercícios de relaxamento. Assim, com a psicoterapia, a criança tímida pode aprender repertórios mais adaptativos de interação social e, assim, favorecer o seu desenvolvimento psicossocial e afetivo.



Postado por: Ana Cláudia Foelkel Simões

TRANSTORNOS COMPORTAMENTAIS E EMOCIONAIS INFANTIS

O número de crianças com diagnóstico e tratamento para transtornos disruptivos, incluindo déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) aumentou acentuadamente na última década. Coerente com essa tendência é um crescente debate sobre a melhor maneira de tratar esses problemas em crianças.
De acordo com um estudo publicado no Journal of the American Medical Association, o número de crianças pré-escolares que recebem estimulantes, antidepressivos e outras medicações psiquiátricas "aumentou drasticamente." O estudo levantou preocupações sobre o crescente uso de medicações para controlar distúrbios de TDAH em crianças pequenas, porque pouco se sabe sobre sua segurança e eficácia para crianças de idade pré-escolar. Poucas destas drogas, segundo estudo aponta, são aprovados pela Food and Drug Administration EUA para a prescrição para crianças pequenas.

Para os pais, especialmente de crianças diagnosticadas com uma desordem comportamental ou emocional, ou aqueles que suspeitam de seus filhos terem sido vítima de um problema, essas novas preocupações sobre o uso de medicamentos psicotrópicos apresentam dilemas irritantes. Como os pais devem tomar decisões sobre o curso do tratamento é o melhor para seu filho ou filha?

Embora as crianças se desenvolvam cada uma em seu próprio ritmo, há uma média nos estágios de desenvolvimento. É importante que pais, cuidadores e professores percebam o crescimento e desenvolvimento de seus filhos e alunos e observem as mudanças comportamentais incomuns ou regressões. Cada criança terá um "dia ruim" ocasional, e é apropriado crianças terem altos níveis de energia em algum momento. Mas, se seu filho está com problemas persistentes que interrompem a sua participação na escola ou interação com outras crianças, ou, se o seu filho mostra sinais de retraimento social, incapacidade de concentrar a sua atenção, ou é impulsivo e agressivo indevidamente, pode estar na hora de procurar ajuda profissional para determinar o que está acontecendo e qual a melhor forma para ajudar o seu filho ou filha.

Como regra geral, é hora de consultar um profissional de saúde mental para saber se o comportamento da criança é inadequado para a idade, um padrão em curso, e, se este interfere com no seu aprendizado, crescimento e desenvolvimento social.

Os professores, administradores escolares, ou pediatras podem sugerir que o comportamento de uma criança é problemático e que ele ou ela poderia tirar proveito de tomar uma medicação psicotrópica. No entanto, uma avaliação criteriosa e diagnóstico por profissional de saúde devidamente treinado e credenciados deve ter lugar antes de qualquer decisão. Entre os profissionais que fariam as avaliações apropriadas de comportamento do seu filho são psicólogos, pediatras, neurologistas pediátricos, e psiquiatras infantis. Esses prestadores de cuidados pediátricos também deve acompanhar o tratamento, monitorar o progresso da criança, sua família e escola. 

Os programas de tratamento podem assumir muitas formas e são melhores quando são específicos para a criança. Eles podem incluir psicoterapia incluindo terapia cognitivo-comportamental, ou formação em gestão comportamental, orientação dos pais, treinamento de habilidades sociais, e serviços de apoio à família.  Se for determinado que a criança precisa de medicação para além do tratamento comportamental é frequentemente mais eficaz se ambos os tipos de tratamento são empregados em conjunto.


Uma variedade de drogas psicotrópicas tem provado ser muito útil para ajudar adulto gerenciar uma série de transtornos psiquiátricos, mas algumas dessas drogas têm sido testadas para a segurança e a eficácia em crianças pré-escolares. Dependendo do seu filho família e diagnóstico, um programa comportamental deve ser considerado primeiramente antes do uso de medicamentos. Diagnóstico específico do seu filho é fundamental para determinar o melhor plano de tratamento. Pesquisas mostram que para o diagnóstico de TDAH com um distúrbio emocional co-ocorrência de uma combinação de medicação e terapia comportamental são indicados como o melhor trabalho, dependendo de cada caso. Para o diagnóstico de TDAH apenas, tratamento medicamentoso é mais eficaz. 

A Food and Drug Administration deve ter aprovado qualquer medicamento prescrito por um médico para o uso clínico, mas não necessariamente para o uso por crianças pré-escolares.
 Mais pesquisas são necessárias para compreender os efeitos a curto e longo prazo destas drogas em crianças e em seus cérebros em desenvolvimento. De fato, o Instituto Nacional de Saúde Mental anunciou recentemente que vai investir mais de US $ 5 milhões em pesquisa sobre o uso da Ritalina, a terapia comportamental e a combinação de ambas as intervenções para tratar déficit de atenção/hiperatividade em crianças pré-escolares.


Postado por: Ana Cláudia Foelkel Simões

RENDIMENTO ESCOLAR

A importância da ajuda dos pais.



O final do ano está chegando. Com ele se intensificam a pressão por boas notas e o nível de estresse em casa; especialmente nos casos onde a criança não teve um bom rendimento no decorrer do ano letivo e está correndo risco de não passar. Muitos pais encontram-se totalmente sem saber o que fazer diante das notas baixas e possível desinteresse do filho pela escola. Alguns me procuraram via e-mail e pessoalmente, perguntado se existem algumas dicas que, de algum modo, possam contribuir para um melhor acompanhamento do filho. Não existem fórmulas: cada criança é uma criança. Existem, no entanto, alguns pontos que podem contribuir para a melhor manutenção da relação pai X filho. Zoega, Souza e Marinho (2004) apresentam 14 destes pontos. Neste texto eu discuto cada dos pontos apresentados por eles, no entanto, da maneira como acho mais adequada a demanda que me vem sendo apresentada. Peço licença aos autores (ZOEGA, SOUZA e MARINHO, 2004) para usar a ideia deles.



Seguem as dicas:
1º – Tornar explícitos os direitos e deveres do filho: desde pequenas, as crianças devem aprender que direitos e deveres andam sempre juntos. Uns não existem sem os outros.
Existem direitos que, pelo simples fato de existir, toda criança tem – por exemplo, o amor e cuidado dos pais. Outros, no entanto, devem ser conquistados à medida que alguns deveres são cumpridos. Caso a criança não cumpra seu dever, ela perde um direito específico (daqueles conquistados), o qual deve ter sido acertado anteriormente. Por exemplo, os pais estabelecem que a criança deva fazer a tarefa de casa e, somente após isto, ela poderá assistir TV, jogar videogame, etc. Caso a criança não cumpra o dever combinado, ela não poderá, sob nenhuma condição ter acesso a seu direito de jogar vídeo game, ver TV, etc.

2º – Estabelecer uma rotina organizada: rotina refere-se à definição clara e precisa do horário para a realização de cada atividade.
É importante que os pais conheçam a quantidade e tipo de tarefas da criança para que possam organizar de maneira funcional a sua rotina. Estas informações devem ser coletadas com a própria criança e também com seus professores (é importante o contato frequente dos pais com os professores). Quanto maior a clareza e quantidade de dados os pais tiverem a respeito do que a criança precisa fazer, mais fácil fica para organizar a rotina dela.
Os horários para cada tipo de atividade (estudar, jogar, comer, etc.) devem ser estabelecidos e seguidos de maneira clara – hora certa pra brincar, pra comer, pra estudar, etc. Os estudos devem sempre ocupar status de prioridade – os primeiros da lista, o que diminui as chances da criança estar cansada quando for estudar. É interessante que os horários sejam combinados com a criança, respeitando suas preferências.
É interessante que os pais estabeleçam e sigam uma rotina também para si. As crianças aprendem com muito mais facilidade através da observação.
Ambas as rotinas podem ser organizadas em um cartaz para consulta sempre que necessário, o qual deve ser fixado em algum cômodo da casa.

3º – Estabelecer limites.
Existem pesquisas que mostram que maioria dos jovens infratores são oriundos de lares onde: 1) ou a disciplina é relaxada – isto é, os pais relativizam as regras, não colocam limites; ou 2) os pais são autoritários e agressivos (GOMIDE, 2006). Para viverem em sociedade, no entanto, as crianças devem aprender que existem regras a serem cumpridas – e este aprendizado começa em casa, no respeito às regras estabelecidas pelos pais. A criança deve aprender, então, que a última palavra é sempre dos pais. Os pais não podem, sob hipótese alguma, permitir que a criança assuma o controle das regras da casa.

4º – Supervisionar Atividades.
Quanto mais jovem a criança, maior a necessidade de supervisão de suas atividades. Existem pesquisas que apontam, inclusive, que o progresso na aprendizagem escolar está diretamente ligado a supervisão e organização das tarefas do lar (MATURANA, citado por ZOEGA, SOUZA E MARINHO, 2004). Os pais devem tomar cuidado, no entanto, para não fazerem a tarefa pela criança – sob pena de ensiná-la a delegar suas próprias obrigações a outros, esquivando-se delas.
Este acompanhamento consiste em verificar se a criança cumpre seus horários, se ela realmente faz o que se propôs a fazer, etc.

5º – Dosar Adequadamente a Proteção e Incentivo à Independência.
Tarefa difícil: como saber o quanto uma criança pode ser independente e o quanto os pais ainda precisam tomar as atitudes por ela e protegê-la? A independência deve ser incentivada aos poucos, à medida que a criança mostra-se capaz. Se os pais não permitem que a criança se exponha a certos desafios, ela jamais vai aprender a lidar com eles.

6º – Prover um ambiente com recursos e instrumentos para estudar.
O ambiente adequado para estudo envolve ausência ou quantidade mínima de ruídos, distrações, arejado, iluminado e arejado. O estado físico também é relevante. Se a criança encontra-se cansada, estressada, com sono, com fome, com medo, mais dificilmente aprenderá a matéria e o gosto pelos estudos.

7º - Estabelecer Interações Positivas.
O castigo é uma estratégia muito usada pelos pais para que uma criança não volte a apresentar um comportamento indesejado. Existem, no entanto, dois aspectos que precisam ser mencionados: 1) fazer com que a criança deixe de se comportar de maneira adequada, não a leva, necessariamente, a aprender a comportar-se de maneira adequada; 2) castigos e punições, em geral, funcionam durante um curto período de tempo. Os pais sabem que, muitas vezes, uma criança volta a apresentar um comportamento punido em uma situação posterior (o que não sabem, é que a probabilidade dela apresentar este comportamento é maior na ausência dos pais – agentes punitivos).
Deste modo, fica claro que castigos e punições não contribuem para a aprendizagem do comportamento adequado por parte da criança (p.e.: bater nela por que ela está jogando vídeo game ao invés de estudar não necessariamente faz com que ela faça de fato a atividade de casa, ela pode simplesmente fingir que fez para voltar a jogar). Além do mais, fazer com que a criança associe estudar com situações ou coisas desagradáveis pode, a longo prazo, fazer com que ela tenha pouco ou nenhum interesse pelos estudos.
É importante que os pais estabeleçam condições que propiciem – para reforçar, no sentido de tornar “agradável” para a criança – comportar-se da maneira adequada. Marinho (citado por ZOEGA, SOUZA E MARINHO, 2004) explica que maneiras interessantes de criar estas condições, envolvem acompanhar a criança nos estudos e apresentar recompensas imediatas ao estudar (p.e.: muito bom te ver estudando e poder te ajudar); descrever o comportamento que está sendo reforçado (p.e.: se a criança capricha em alguma coisa, dizer algo como “muito bom, parabéns pela dedicação"); enfim, consequências que tornem o estudo algo agradável. Todo o bom desempenho da criança deve ser elogiado e/ou gratificado, de maneira sincera, o que aumenta as chances de que a criança aprenda a gostar daquilo.
É também necessário que os pais entendam que a princípio, não há como uma criança que não gosta de estudar começar a gostar de repente. É preciso “construir o gosto” dela pelos estudos. Ela dificilmente irá gostar naturalmente de estudar. Consequências a longo prazo, como formar-se e ganhar dinheiro, não tem tanto poder sobre um comportamento da criança como consequências imediatas, como ganhar pontos em um jogo de videogame. É mais eficaz se, diante de um elogio feito aos pais por um professor ou uma boa nota em uma prova, os pais convidarem a criança para fazer algo que ela goste e não seja costume da família, especificando por que é que ela está sendo convidada para isto (p.e.: legal, gostei de sua nota. Vamos ao cinema para comemorar?).
Quando se trata de elogio, no entanto, um cuidado deve ser tomado: não é aconselhável que se faça uma crítica ou desafio junto ao elogio. Por exemplo, “gostei de sua nota, mas vamos ver se melhora, tá?”. Isto é um elogio seguido de crítica/desafio, o que desvaloriza a nota alta da criança. Fica a sensação de que o pai nunca está satisfeito. Os pais devem procurar ressaltar sempre os aspectos positivos do comportamento da criança e, na medida do possível, não punir aspectos negativos. Por exemplo, um boletim com notas variando entre 10 e 6. É mais proveitoso que, ao invés de punirem a nota 6, os pais elogiem as notas mais altas, como o 10, ou o 9.
Quando o pai vai falar para a criança de sua evolução, é necessário muito cuidado também para não compará-la a outras crianças. A comparação deve sempre ser feita com ela própria, mostrando seus resultados anteriores e os atuais. Se por acaso o rendimento tiver caído, é melhor não comparar.

8º – Demonstrar afeto.
A disciplina e estabelecimento de limites e regras só são efetivos quando os pais demonstram afeto pelos filhos (ZOEGA, SOUZA E MARINHO, 2004). O afeto pode ser demonstrado através da organização de um tempo para passar com os filhos, fazendo junto a eles coisas que eles gostam e sintam prazer em fazer. É importante também que os pais demonstrem que gostam da criança independente dela obter ou não sucesso na escola. O amor deve ser incondicional.

9º – Modelo adequado de envolvimento com as atividades.
A criança aprende de maneira mais eficaz quando ela vê alguém fazendo do que quando ela ouve que deve fazer. E para que ela aprenda, aquele comportamento observado deve ser consequência do reforço (conforme explicado no tópico 7).
Se os pais demonstram envolvimento e responsabilidade pelos estudos e/ou trabalho, mais provavelmente a criança também apresentará. Se eles apresentam gosto pela leitura e demonstram isto para a criança, mais provavelmente ela mais provavelmente apresentará também.

10º – Promover diálogo.
Os pais devem ter disponibilidade para ouvir a criança, cuidando para não transformar estes momentos em monólogos onde eles apenas a questionam. Existem inúmeras pesquisas que demonstram que correlação negativa entre confiança da criança nos pais e envolvimento em atividades ilegais (GOMIDE, 2006).

11º – Apresentar nível de exigência compatível com o desenvolvimento da criança.
De nada adianta cobrar da criança um desempenho o qual ela não possui condições de obter. Isto gera estresse e frustração nos pais e na criança.

12º – Relacionar o teórico com a prática.
Quando os pais valorizam o que a criança aprende e consegue relacionar aquilo com suas experiências o interesse e aprendizagem da criança, são mais efetivos.

13º – Incentivar o brincar e a socialização.
A criança que brinca tem um melhor desenvolvimento cognitivo, emocional e social. O dia da criança não pode se transformar em um fazer tarefas continuamente, devem existir momentos para a diversão – muitos momentos.

14º – Interessar-se pela vida do filho.
Os pais devem demonstrar interesse pela vida de seu filho em TODOS os momentos, não apenas quando este apresenta bons resultados. É importante que os pais participem das atividades que a escola do filho promove, acompanhe-o em situações onde ele gostaria de ser acompanhado, etc...

Referências:
Gomide, P. I. C. (2006). Inventário de Estilos Parentais. Modelo teórico: manual de aplicação, apuração e interpretação. Petrópolis: Vozes.

Zoega, M. R. S; Souza, S. R; Marinho, M.L. (2004). Envolvimento dos pais: incentivo a habilidade de estudo em crianças. Campinas: Estudos em Psicologia.

Postado por: Ana Cláudia Foelkel Simões
Psicóloga - (11) 97273-3448

TRANSTORNO DE OPOSIÇÃO

Todas as crianças passam por fases difíceis que muitas vezes poderiam ser descritas como "de oposição", especialmente quando se está cansado, com fome, estressado ou chateado. Quando eles estão assim podem discutir, conversar, desobedecer e desafiar os pais, professores e outros adultos. Há também momentos no desenvolvimento normal que o comportamento de oposição é esperado, como por exemplo, entre dois a três anos de idade ou até mesmo na pré-adolescência. Entretanto, o comportamento hostil se torna uma preocupação quando é frequente e consistente, que se destaca quando comparado com outras crianças da mesma idade e nível de desenvolvimento, e quando ela afeta a família da criança, social e a escola.


Para melhor entender, lê-se a definição:
O transtorno de oposição (TDO) é um transtorno disruptivo, caracterizado por um padrão global de desobediência, desafio e comportamento hostil. A criança ou adolescente discute excessivamente com adultos, não aceitam responsabilidade por sua má conduta, incomodam deliberadamente os demais, possuem dificuldade de aceitar regras e perdem facilmente o controle se as coisas não seguem a forma que eles desejam (SERRA-PINHEIRO et al., 2004, p.273).

Em crianças com transtorno desafiador opositor (TODO), geralmente apresentam um padrão contínuo de comportamento não cooperativo, desafiante, desobediente e hostil incluindo resistência a figura de autoridade. O padrão de comportamento pode incluir:
- Frequentes acessos de raiva;
- Discussões excessivas com adultos, muitas vezes, questionando as regras;
- Desafio e recusa em cumprir com os pedidos de adultos;
- Deliberada tentativa de irritar ou perturbar as pessoas;
- Culpar os outros por seus erros e mau comportamento;
- Muitas vezes, ser suscetível ou facilmente aborrecido pelos outros;
- Frequente raiva e ressentimento;
- Agressividade contra colegas;
- Dificuldade em manter amizades;
- Problemas acadêmicos.

Embora não haja nenhuma causa claramente compreendida, acredita-se ser uma combinação de genética, ambiente, incluindo:
- Disposição natural de uma criança;
- Limitações ou atraso no desenvolvimento da capacidade de uma criança no processo de pensamento e sentimento;
- Falta de fiscalização;
- Inconsistência ou disciplina severa;
- Abuso ou negligencia;
- Desequilíbrio de certas substâncias químicas do cérebro, tais como a serotonina.

Os sintomas são geralmente vistos em várias configurações, mas são mais perceptíveis em casa ou na escola. Muitos pais relatam que seu filho com TOD estava mais rígido e exigente que os irmãos da criança, desde tenra idade.
Este problema é bastante comum, ocorrendo entre 2% e 16% das crianças e adolescente. Em crianças menores é mais comum em meninos, mas durante a adolescência ocorre com frequência em ambos os sexos. O inicio é geralmente gradual e aumenta a gravidade dos problemas de comportamento ao longo do tempo.
A melhor maneira de tratar uma criança com TODO inclui psicoterapia infantil que abrange técnicas de manejo e modificação do comportamento, utilizando uma abordagem coerente da disciplina e seguir com reforço positivo de comportamentos adequados.
É muito difícil os pais lidarem com estas crianças e adolescentes, por isso é indicado Orientação de Pais para melhor entendê-los além de obterem apoio e compreensão e consequentemente receberem treinamento acerca de habilidades de manejo destas crianças.
O sucesso do tratamento requer empenho e acompanhamento em uma base regular de ambos, pais e professores.


Por: Simone Barbosa Pasquini

Postado por: Ana Cláudia Foelkel Simões
Psicóloga (11) 97273-3448

TRANSTORNO DE CONDUTA

Pesquisa monitora o cérebro de crianças com problemas de conduta e descobre: elas reagem menos à dor alheia. Estudo sugere que atividade cerebral de crianças pode ser vista como fator de risco para desenvolvimento de psicopatia na idade adulta.


Pesquisadores mostram que, em crianças agressivas e violentas, as áreas cerebrais responsáveis
 pela empatia são menos ativadas pelo sofrimento alheio. (Thinkstock).



As origens do comportamento cruel apresentado por criminosos e psicopatas pode estar no cérebro. Um estudo publicado no periódico Current Biology monitorou a atividade cerebral de crianças inglesas que apresentavam problemas de conduta. A pesquisa deixou claro que o cérebro dessas crianças, quando são confrontadas com imagens de pessoas sofrendo, reage de maneira diferente da maioria das outras: as áreas associadas à empatia se mostram menos ativas em reação à dor alheia. Diante dos resultados, os cientistas sugerem que a análise da atividade cerebral de crianças ao testemunhar cenas de sofrimento pode ajudar a apontar fatores de risco para o comportamento antissocial e a psicopatia na fase adulta.


Jovens com transtorno de conduta apresentam uma série de comportamentos que violam os direitos alheios, como agressão física, crueldade, roubo e falta de empatia em relação às outras pessoas. As crianças com esse tipo de comportamento têm maiores chances de se tornar adultos violentos e ter comportamentos antissociais. Na Inglaterra, onde o estudo foi conduzido, cerca de 5% das crianças parecem ter esse tipo de problema.

No novo estudo, os pesquisadores usaram imagens de ressonância magnética para descobrir se o cérebro dessas crianças com desvio de conduta reagia de modo diferente a fotografias de outras pessoas sofrendo. Como resultado descobriram que, em relação às outras crianças, áreas como a ínsula anterior, o córtex cingulado anterior e o giro frontal inferior — todas associadas à empatia — ficaram menos ativas.

Segundo os pesquisadores, isso não quer dizer necessariamente que toda criança com problemas de conduta tem a mesma reação ao sofrimento, e nem que qualquer em que demonstre esse tipo de padrão cerebral vá se tornar um adulto problemático — na verdade, a maior parte deixa esse tipo de comportamento para trás durante seu desenvolvimento.

"Nossa descoberta indica que crianças com problemas de conduta têm uma resposta cerebral atípica ao ver outras pessoas sofrendo. O importante é ver essas descobertas como um indicador de vulnerabilidade, em vez de um destino biológico. Nós sabemos que crianças são bastante suscetíveis a intervenções, e o desafio é fazer essas intervenções ainda melhores", diz Essi Viding, pesquisadora da University College London responsável pelo estudo.

Vulnerabilidade – Os pesquisadores também analisaram as diferenças de comportamento dentro do grupo das crianças com problemas de conduta, separando os indivíduos mais insensíveis e que demonstravam menos emoções. Essa indiferença emocional é uma importante característica dos psicopatas, e sua presença na infância pode ser vista como fator de risco para o desenvolvimento da condição na vida adulta.

Os cientistas descobriram que, em relação à dor alheia, o grupo apresentou uma atividade ainda menor na ínsula anterior e no córtex cingulado anterior. "Nossa pesquisa mostra muito claramente o fato de que nem todas as crianças com problemas de conduta têm a mesma vulnerabilidade neurobiológica — algumas podem ser mais vulneráveis à psicopatia, enquanto outras não. Isso traz a possibilidade de adaptarmos as intervenções existentes para se adequar aos perfis específicos que caracterizam as crianças com problemas de conduta", disse Essi Viding.


Fonte: Veja 

Postado por: Ana Cláudia Foelkel
CRP: 06/86466 - Psicóloga 
(11) 97273-3448