Conceitos básicos
Motivação
é um construto e
se refere ao direcionamento momentâneo do pensamento, da atenção, da ação a um
objetivo visto pelo indivíduo como positivo. Esse direcionamento ativa o
comportamento e engloba conceitos tão diversos como anseio, desejo, vontade,
esforço, sonho, esperança entre outros.
Impulso e atração
A motivação pode ser analisada
a partir de duas perspectivas diferentes: como impulso e como atração. Ver o
processo motivacional como impulso significa dizer que instintos e pulsões são
as forças propulsoras da ação. Assim necessidades internas geram no indivíduo uma tensão
que exige ser resolvida. Exemplo desse tipo de motivação é a fome: a
necessidade de alimento gera a fome que exige uma resolução através do comer.
Apesar de importantes teorias da motivação, como a de Freud e a de Hull, basearam-se
nessa perspectiva e de explicar muitos fenômenos do comportamento, suas
limitações são patentes: a fome em si, para manter-se o exemplo, não determina
se o indivíduo vai escolher comer arroz com feijão ou lasanha; outras forças
estão em jogo aí: o ambiente. E outras formas de comportamento, mais complexas,
como o jejum ou ainda o desejo de aprender, entre tantos outros, não se deixam
explicar simplesmente pela resolução de tensões internas. No caso do
aprendizado, por exemplo, o objetivo se encontra num estado futuro, em que o
indivíduo possui determinado saber. Esse estado final como que atrai o
indivíduo - a motivação como atração, como força que puxa, atrai. Não se pode negar que ambas as perspectivas
se complementam e ajudam a explicar a complexidade do comportamento humano; no
entanto, devido às suas limitações, no esclarecer comportamentos mais
complexos, grande parte da pesquisa científica atual se desenvolve no âmbito da
motivação como atração.
Uma
compreensão da motivação como força atratora não pode deixar de levar em conta
as preferências individuais, uma vez que diferentes pessoas vêem diferentes
objetivos como mais ou menos desejáveis. Um mesmo objetivo pode ser buscado por
diferentes pessoas por diferentes razões: uma deseja mostrar seu desempenho,
outra anseia ter influência sobre outras pessoas (poder), etc. A essas
preferências relativamente estáveis no tempo dá-se o nome de motivos.
Hedonismo psicológico
O
hedonismo, enquanto doutrina teórica, teve grande influência sobre a psicologia
da motivação. Assim, a maior parte das teorias parte do princípio de que a ação
humana é sobretudo motivada pela busca ativa de situações positivas (prazer) e
pela evitação de situações negativas (dor). As teorias que afirmam que o ser
humano busca a homeostase, ou seja, o equilíbrio provocado pela resolução de
tensões internas - como é o caso das teorias das pulsões - são teorias
hedonistas. Exceção a essa regra são as teorias que ligam a motivação à atribuição. Tais teorias vêem o ser humano como
uma espécie de pequeno cientista, que deseja compreender o mundo em que vive.
Nesse processo ele gera teorias a respeito da causa dos fenômenos observados,
sobretudo do comportamento tanto alheio como o próprio. O comportamento real
depende de como a pessoa explica tais fenômenos. Essas teorias enfatizam,
assim, processos cognitivos em detrimento do simples hedonismo.
Motivação intrínseca e motivação
extrínseca
Outro conceito que influenciou
o estudo da motivação foi a diferenciação entre motivação intrínseca e
extrínseca. Enquanto a primeira refere-se à motivação gerada por necessidades e motivosda
pessoa, a motivação extrínseca refere-se à motivação gerada por processos de
reforço e punição (ver condicionamento
operante). No entanto é falso dizer, que a motivação extrínseca é
fruto da ação do ambiente e a intrínseca à da pessoa, porque, como se verá, a
motivação é sempre fruto de uma interação entre a pessoa e o ambiente.
Importante também é observar que os dois tipos de motivação podem aparecer
mesclados, como, por exemplo, quando a pessoa estuda um tema que a interessa
(motivação intrínseca) e consegue com isso uma boa nota (reforço: motivação
extrínseca). Outro aspecto da relação entre motivação intrínseca e reforço é o
chamado efeito de superjustificação ou de corrupção da motivação. Sob
esse nome entende-se o fenômeno de que a motivação intrínseca do indivíduo em
determinadas situações diminui, em que ele é recompensado pelo comportamento
apresentado. Em um experimento clássico, Lepper e seus colaboradores (1973) dividiram um grupo de crianças em três
grupos menores: cada um dos grupos recebeu a tarefa de desenhar com canetas
coloridas; o primeiro grupo foi informado de que ganhariam um brinde de
reconhecimento pelo trabalho, o segundo recebeu um brinde surpresa, sem ter
sido informado e o terceiro não recebeu nada. Os autores observaram que todas
as crianças desenharam com as canetas - atividade apreciada pelas crianças -
mas as crianças a quem havia sido prometido um brinde desenharam muito menos e
com menos entusiasmo do que as outras, o que os levou à conclusão de que a
promessa de uma recompensa pelo trabalho diminuiu a motivação intrínseca das
crianças em fazer algo que elas gostam.
A motivação como impulso
Instintos e pulsões
Como se
viu acima, as primeiras teorias da motivação consideram a ação humana como
movida por forças interiores que desencadeiam reações automáticas (instintos)
ou que geram uma tensão interna que precisa ser descarregada (pulsões). Em
psicologia as teorias sobre os instintos, como a de McDougall, têm sobretudo um
significado histórico. Essa teoria é interessante por sugerir uma ligação entre
instintos, emoções e
motivação.
Provavelmente
a teoria das pulsões mais conhecida e mais influente é a teoria psicanalítica de Sigmund Freud. Segundo ela o ser humano possui
duas pulsões básicas, eros (pulsão de vida, sexual) e tânatos (pulsão de morte, agressiva). Essas
pulsões, originadas da estrutura biológica do homem, são a fonte de toda a
energia psíquica; essa energia se concentra no indivíduo, gerando tensão e
exigindo ser descarregada. Com a função de dirigir o descarregamento dessa
energia, o aparelho psíquico é dotado de três estruturas (id, ego e superego) que regulam esse descarregamento de
acordo com diferentes leis, de forma que diferentes tipos de comportamento
podem servir à mesma função de descarregar a tensão gerada por essas duas
pulsões básicas.
Um
outra teoria menos conhecida é a do comportamentalista Clark L. Hull. O comportamentalismo dedicou-se ao
estudo dos processos elementares de aprendizagem (condicionamento), ou seja, de como, com o auxílio
de reforços e punições, um indivíduo é capaz de aprender determinado
comportamento (condicionamento operante).
O problema é que o condicionamento operante não é capaz de explicar o que move o indivíduo a realizar o ato
aprendido. De onde vem tal energia? Hull propôs que a tendência para um
determinado comportamento é o produto do hábito (ou seja, do aprendizado por
condicionamento) e das pulsões e definiu-as como a parte motivacional
(energética) das necessidades biológicas (fome, cansaço, sede,
etc.). Essas pulsões primárias podem gerar outras pulsões secundárias (ex.
medo) através dos processos de condicionamento (pulsões aprendidas). A teoria
de Hull sofreu várias modificações por apresentar muitas limitações e tem hoje um
caráter histórico. A importância da teoria de Hull reside no fato de ter
enfatizado a importância do aprendizado sobre a motivação.
O modelo comportamental de Skinner
B. F. Skinner,
outro grande expoente do behaviorismo propôs
um modelo da motivação baseado somente no condicionamento, sem recurso ao conceito de
pulsão. Segundo ele, a frequência de um comportamento é determinada por suas
consequências: um comportamento que traz consequências positivas será repetido
com mais frequência e outro que traz consequências negativas será mostrado mais
raramente. Maiores detalhes sobre esses processos no artigo "condicionamento operante".
Apesar de o sistema de Skinner ser empiricamente comprovado e ser amplamente
utilizado em pedagogia e psicoterapia, ele é muitas vezes criticado por não
explicar toda a gama do comportamento humano e desprezar completamente a parte
emocional-cognitiva da mente humana. O próprio Skinner se esforçou em provar o
erro dessas críticas.
A atração do ambiente e sua relação com
a motivação
A teoria de campo de Kurt Lewin
O
psicólogo da gestalt Kurt Lewin foi
um dos primeiros teóricos a propor que o comportamento humano é uma função da
pessoa e do ambiente. Segundo Lewin, o fim ou objetivo de um comportamento
possui para a pessoa uma determinada valência ou caráter
de apelo (al. Aufforderungscharakter), que
desenvolve a partir da tensão interna gerada por uma necessidade e de qualidades do objeto ou da
atividade ligadas a esse fim. Esse sistema de forças pode ser representado por vetores correspondentes à força de atração ou
repulsa que determinados objetos do ambiente ou atividades têm para o
indivíduo. Baseando-se nas diferentes forças que podem agir sobre o indivíduo,
Lewin desenvolveu uma taxonomia de conflitos, que influenciou fortemente a
pesquisa posterior, e formulou a primeira teoria do produto-valor-expectativa.
Murray: necessidades e motivos
Henry
Murray descreveu dois tipos de necessidades: as necessidades primárias,
fisiológicas, e as secundárias, aprendidas no decorrer da vida, de acordo com
estruturas físicas, sociais e culturais do ambiente. As necessidades
secundárias são definidas apenas pelo fim a que elas se direcionam e não por
características superficiais do comportamento observável. Correspondente às
necessidades, que são internas, Murray postula a existência de uma pressão do lado do ambiente ou da situação: é
a atração ou repulsa gerada pelo ambiente no indivíduo. De uma maneira fenomenológica ele
diferencia dois tipos de pressão: a pressão alfa é a exercida objetivamente
pela situação, pressão beta é a exercida pela situação tal qual o indivíduo a
percebe. Por dar às necessidades secundárias (muitas vezes chamadas de motivos) um
caráter disposicional, a teoria de Murray faz ponte entre
a psicologia da
personalidade e a
motivação.
Maslow e a pirâmide das necessidades
Abraham
Maslow, psicólogo humanista,
propôs uma classificação diferente das necessidades. Para ele há cinco tipos de
necessidades: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança íntima
(física e psíquica), necessidades de amor e relacionamentos (participação), as
necessidades de estima (autoconfiança) e necessidades de autorrealização.
Essa nova classificação permitiu uma nova visão sobre o comportamento humano,
que não busca apenas saciar necessidades físicas, mas crescer e se desenvolver.
Maslow
organizou as necessidades em uma pirâmide, colocando em sua base as
necessidades mais primitivas e básicas. Descreve uma diferença qualitativa
entre as necessidades básicas e mais elevadas: as primeiras são necessidades defectivas ou deficitárias, ou seja, baseadas na
falta e devem, assim, ser saciadas para evitar um estado indesejável, enquanto
as necessidades dos níveis mais altos da pirâmide são necessidades de crescimento.
Estas necessidades não buscam ser saciadas para se evitar algo indesejável, mas
para se alcançar algo mais desejável.
A
organização piramidal das necessidades implica, em primeiro lugar, que as
necessidades mais embaixo são mais primitivas e urgentes do que as mais de
cima; ao mesmo tempo, à medida que sobem na hierarquia as necessidades
tornam-se menos animalescas (mais distantes do instinto) e mais humanas (mais próximas da razão).
Assim, ao mesmo tempo em que é desejável atingir os níveis mais altos da
pirâmide, as necessidades mais básicas são mais poderosas. Somente quando
necessidades mais básicas estão saciadas - total ou parcialmente - torna-se
possível partir para o próximo nível - ou melhor, o próximo nível se torna
perceptível.
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Motiva%C3%A7%C3%A3o
Postado por: Ana Cláudia Foelkel
CRP: 06/86466
Psicóloga Clínica e Organizacional
Consultoria R&S e T&D
(11) 97273-3448
Postado por: Ana Cláudia Foelkel
CRP: 06/86466
Psicóloga Clínica e Organizacional
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parabéns achei muito interessante o artigo
ResponderExcluirObrigada! Fique à vontade para comentar.
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